Export Ready — 

Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis

Bibliographic Details
Main Author: Costa Lopes, Ana Maria
Publication Date: 2014
Other Authors: Ferreira, Zaida Maria Pinto
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.19/2668
Summary: Zenith, o lexema escolhido para designar o espaço onde decorre a ação do romance Babbitt, convoca, desde logo, imagens de bem-estar e progresso que a focalização do narrador (heterodiegético) aparentemente corrobora: “THE towers of Zenith aspired above the morning mist […] They were neither citadels nor churches, but frankly and beautifully office-buildings. The whistles rolled out in greeting a chorus cheerful as the April dawn; the song of labor in a city built it seemed for giants” (Babbitt 6). Por contraste com a cidade, supostamente robusta e vibrante de energia, como se de um organismo vivo se tratasse, o protagonista, George F. Babbitt, não ostenta qualquer grandiosidade: “There was nothing of the giant in the aspect of the man who was beginning to awaken on the sleeping porch of a Dutch Colonial house in that residential district of Zenith known as Floral Heights” (6). Na verdade, do ponto de vista físico, Babbitt assemelha-se a um bebé: “His large head was pink […] His face was babyish in slumber” (6). Inúmeras referências a uma fada-criança com quem Babbitt mantém, em sonhos, uma relação afetiva, corroboram a ideia de que o protagonista é uma personagem infantilizada. Considere-se ainda que o encontro com a fada- -criança ocorre habitualmente num jardim ou outro espaço próximo da Natureza e que, para além deste aspeto, existe habitualmente uma alusão ao mar. Conjugados, estes espaços remetem para um (re) nascimento e este para o ventre materno, um estádio de dependência anterior ao (re) conhecimento da subjetividade. Babbitt é pois uma espécie de não-sujeito, facto que o torna ainda mais vulnerável aos mecanismos de controlo da comunidade/sociedade. Importa lembrar, a este propósito, que instituições comunitárias como a Igreja, um partido politico, uma associação ou clube social, o clube de futebol, etc, funcionam como um espelho doutrinário ou ideológico, onde o sujeito vê uma imagem gestaltiana de um corpo com o qual se identifica, por ser composto por sujeitos que se assemelham a si próprio, concitando-o a anularse voluntariamente, para poder participar da força que inere ao Todo, seja Deus, a Nação, ou outros grupos/ corpos colectivos. O grupo transforma-se assim numa espécie de Éden, um espaço quase transcendental, onde o sujeito sente que está em segurança (Hinshelwood 74). A construção do espaço subjetivo de Babbitt está, pois, simbiótica e indelevelmente subordinada ao espaço social de Zenith, pelo que, quando do fecho da narrativa, o leitor conclui que a Babbitt apenas lhe resta projetar sobre o seu filho Ted os desejos que um espaço social omnipotente sempre o obrigaria a sublimar: “I´ve never done a single thing I´ve wanted to in my whole life […] Well, those folks in there will try to bully you and tame you down…Tell ‘em to go to the devil! […]. Don´t be scared of the family. No, nor all of Zenith. Nor of yourself, the way I´ve been. Go ahead, old man! The world is yours!“(Babbitt 319)
id RCAP_3af3741d27d7f87c1d1159e3d195d23d
oai_identifier_str oai:repositorio.ipv.pt:10400.19/2668
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository_id_str https://opendoar.ac.uk/repository/7160
spelling Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair LewisEspaço subjetivoZenithBabbittZenith, o lexema escolhido para designar o espaço onde decorre a ação do romance Babbitt, convoca, desde logo, imagens de bem-estar e progresso que a focalização do narrador (heterodiegético) aparentemente corrobora: “THE towers of Zenith aspired above the morning mist […] They were neither citadels nor churches, but frankly and beautifully office-buildings. The whistles rolled out in greeting a chorus cheerful as the April dawn; the song of labor in a city built it seemed for giants” (Babbitt 6). Por contraste com a cidade, supostamente robusta e vibrante de energia, como se de um organismo vivo se tratasse, o protagonista, George F. Babbitt, não ostenta qualquer grandiosidade: “There was nothing of the giant in the aspect of the man who was beginning to awaken on the sleeping porch of a Dutch Colonial house in that residential district of Zenith known as Floral Heights” (6). Na verdade, do ponto de vista físico, Babbitt assemelha-se a um bebé: “His large head was pink […] His face was babyish in slumber” (6). Inúmeras referências a uma fada-criança com quem Babbitt mantém, em sonhos, uma relação afetiva, corroboram a ideia de que o protagonista é uma personagem infantilizada. Considere-se ainda que o encontro com a fada- -criança ocorre habitualmente num jardim ou outro espaço próximo da Natureza e que, para além deste aspeto, existe habitualmente uma alusão ao mar. Conjugados, estes espaços remetem para um (re) nascimento e este para o ventre materno, um estádio de dependência anterior ao (re) conhecimento da subjetividade. Babbitt é pois uma espécie de não-sujeito, facto que o torna ainda mais vulnerável aos mecanismos de controlo da comunidade/sociedade. Importa lembrar, a este propósito, que instituições comunitárias como a Igreja, um partido politico, uma associação ou clube social, o clube de futebol, etc, funcionam como um espelho doutrinário ou ideológico, onde o sujeito vê uma imagem gestaltiana de um corpo com o qual se identifica, por ser composto por sujeitos que se assemelham a si próprio, concitando-o a anularse voluntariamente, para poder participar da força que inere ao Todo, seja Deus, a Nação, ou outros grupos/ corpos colectivos. O grupo transforma-se assim numa espécie de Éden, um espaço quase transcendental, onde o sujeito sente que está em segurança (Hinshelwood 74). A construção do espaço subjetivo de Babbitt está, pois, simbiótica e indelevelmente subordinada ao espaço social de Zenith, pelo que, quando do fecho da narrativa, o leitor conclui que a Babbitt apenas lhe resta projetar sobre o seu filho Ted os desejos que um espaço social omnipotente sempre o obrigaria a sublimar: “I´ve never done a single thing I´ve wanted to in my whole life […] Well, those folks in there will try to bully you and tame you down…Tell ‘em to go to the devil! […]. Don´t be scared of the family. No, nor all of Zenith. Nor of yourself, the way I´ve been. Go ahead, old man! The world is yours!“(Babbitt 319)JOEELInstituto Politécnico de ViseuCosta Lopes, Ana MariaFerreira, Zaida Maria Pinto2015-03-12T11:55:08Z20142014-01-01T00:00:00Zconference objectinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.19/2668porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-03-06T14:02:46Zoai:repositorio.ipv.pt:10400.19/2668Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-29T00:14:05.830958Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
dc.title.none.fl_str_mv Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
title Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
spellingShingle Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
Costa Lopes, Ana Maria
Espaço subjetivo
Zenith
Babbitt
title_short Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
title_full Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
title_fullStr Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
title_full_unstemmed Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
title_sort Zenith e a construção do espaço subjetivo em Babbitt, de Sinclair Lewis
author Costa Lopes, Ana Maria
author_facet Costa Lopes, Ana Maria
Ferreira, Zaida Maria Pinto
author_role author
author2 Ferreira, Zaida Maria Pinto
author2_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Instituto Politécnico de Viseu
dc.contributor.author.fl_str_mv Costa Lopes, Ana Maria
Ferreira, Zaida Maria Pinto
dc.subject.por.fl_str_mv Espaço subjetivo
Zenith
Babbitt
topic Espaço subjetivo
Zenith
Babbitt
description Zenith, o lexema escolhido para designar o espaço onde decorre a ação do romance Babbitt, convoca, desde logo, imagens de bem-estar e progresso que a focalização do narrador (heterodiegético) aparentemente corrobora: “THE towers of Zenith aspired above the morning mist […] They were neither citadels nor churches, but frankly and beautifully office-buildings. The whistles rolled out in greeting a chorus cheerful as the April dawn; the song of labor in a city built it seemed for giants” (Babbitt 6). Por contraste com a cidade, supostamente robusta e vibrante de energia, como se de um organismo vivo se tratasse, o protagonista, George F. Babbitt, não ostenta qualquer grandiosidade: “There was nothing of the giant in the aspect of the man who was beginning to awaken on the sleeping porch of a Dutch Colonial house in that residential district of Zenith known as Floral Heights” (6). Na verdade, do ponto de vista físico, Babbitt assemelha-se a um bebé: “His large head was pink […] His face was babyish in slumber” (6). Inúmeras referências a uma fada-criança com quem Babbitt mantém, em sonhos, uma relação afetiva, corroboram a ideia de que o protagonista é uma personagem infantilizada. Considere-se ainda que o encontro com a fada- -criança ocorre habitualmente num jardim ou outro espaço próximo da Natureza e que, para além deste aspeto, existe habitualmente uma alusão ao mar. Conjugados, estes espaços remetem para um (re) nascimento e este para o ventre materno, um estádio de dependência anterior ao (re) conhecimento da subjetividade. Babbitt é pois uma espécie de não-sujeito, facto que o torna ainda mais vulnerável aos mecanismos de controlo da comunidade/sociedade. Importa lembrar, a este propósito, que instituições comunitárias como a Igreja, um partido politico, uma associação ou clube social, o clube de futebol, etc, funcionam como um espelho doutrinário ou ideológico, onde o sujeito vê uma imagem gestaltiana de um corpo com o qual se identifica, por ser composto por sujeitos que se assemelham a si próprio, concitando-o a anularse voluntariamente, para poder participar da força que inere ao Todo, seja Deus, a Nação, ou outros grupos/ corpos colectivos. O grupo transforma-se assim numa espécie de Éden, um espaço quase transcendental, onde o sujeito sente que está em segurança (Hinshelwood 74). A construção do espaço subjetivo de Babbitt está, pois, simbiótica e indelevelmente subordinada ao espaço social de Zenith, pelo que, quando do fecho da narrativa, o leitor conclui que a Babbitt apenas lhe resta projetar sobre o seu filho Ted os desejos que um espaço social omnipotente sempre o obrigaria a sublimar: “I´ve never done a single thing I´ve wanted to in my whole life […] Well, those folks in there will try to bully you and tame you down…Tell ‘em to go to the devil! […]. Don´t be scared of the family. No, nor all of Zenith. Nor of yourself, the way I´ve been. Go ahead, old man! The world is yours!“(Babbitt 319)
publishDate 2014
dc.date.none.fl_str_mv 2014
2014-01-01T00:00:00Z
2015-03-12T11:55:08Z
dc.type.driver.fl_str_mv conference object
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.19/2668
url http://hdl.handle.net/10400.19/2668
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv JOEEL
publisher.none.fl_str_mv JOEEL
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron:RCAAP
instname_str FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
collection Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository.name.fl_str_mv Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
repository.mail.fl_str_mv info@rcaap.pt
_version_ 1833600450896592896