Imigração e saúde mental
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Publication Date: | 2007 |
Format: | Article |
Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | https://hdl.handle.net/10316/33297 |
Summary: | A experiência individual da imigração é vivida com rupturas nos laços familiares, afectivos, linguísticos, simbólicos, constitutivos da pessoa, e no acumular de referências culturais, por vezes, contraditórias. Neste sentido, a condição de se ser um e/migrante comporta um mal-estar e um sofrimento evidentes que precisam ser, num primeiro momento, reconhecidos para poderem ser, num momento seguinte, situados nos devidos contextos particulares de vivência dos seus protagonistas. O conhecimento directo do mal-estar testemunhado pelos migrantes ajuda a melhor equacionar as respostas dos serviços de saúde que se dão por vocação acolher e acompanhar tais populações. Nos países onde o apoio médico e psicológico têm já uma história institucionalizada em serviços de psiquiatria e psicologia cultural ou transcultural, ou ainda de etnopsiquiatria, a experiência aponta para a necessidade de incorporar, nos dispositivos de diagnóstico e de cura, as dimensões não médicas do apoio aos utentes. De forma acutilante, de facto, o encontro terapêutico com imigrantes põe em relevo a importância de não medicalizar os comportamentos e de não estigmatizar os respectivos idiomas de dor e de resiliência sob o risco de impossibilitar, à partida, qualquer reconhecimento do outro por aquilo que é. Por outro lado, o encontro com a alteridade neste terreno também sublinha a necessidade de adoptar uma postura crítica auto-reflexiva de questionamento dos saberes instituídos. A partir do trabalho com emigrantes portugueses em França, com pacientes da “Consulta do Migrante” no Hospital Miguel Bombarda em Lisboa, e com utentes do Centro de apoio a imigrantes e refugiados Franz Fanon em Turim, este texto propõe analisar experiências concretas de imigração através dos testemunhos de interlocutores contactados nos três contextos. O objectivo é aprofundar o conhecimento das dimensões subjectivas da experiência migratória para lá de qualquer tentação essencializadora da “condição migrante”, contribuindo, assim, para apontar direcções no sentido de uma melhor adequação dos serviços às necessidades dos novos cidadãos. |
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