A olaria utilitária de Barcelos: os processos artesanais no design de novos produtos
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Publication Date: | 2018 |
Format: | Master thesis |
Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10400.22/12651 |
Summary: | Ao interligar as mãos ao pensamento, surge o caminho da comunicação que impulsiona a descoberta e a aquisição de conhecimento. Assente num leque variado de atributos, o barro permitiu, ao Homem, uma exploração inicial livre de especificações, assistindo-se, um pouco por toda a parte do globo, a uma ascensão no âmbito da cerâmica. Revelada pela procura de novas técnicas, formas, e melhorias contínuas dos materiais e equipamentos. “Lembremos que o barro é trabalhado com as mãos e que as mãos são o melhor instrumento que temos para criar. As mãos são, em todas as artes, os artífices do pensamento. As ideias transmitimo-las e perpetuamo-las através da escrita. O que temos no pensamento transmitimo-lo às mãos e perpetuamo-lo atraves da escultura, da pintura, da ourivesaria ou da arquitetura.” (R. H. da Silva, Fernandes, & Silva, 2003, p. 17). O presente Projeto tem como propósito, a partir da área do Design, evidenciar os processos artesanais da olaria barcelense, prestigiando-os através da criação de uma nova coleção de louça utilitária, composta por sete itens (baseada nos exemplares originais) - caneca, copo, tacho, prato, ladeira, assador e assadeira. Coleção esta que, apesar de intentar uma linguagem mais contemporânea, não exclui, na íntegra, o aspeto tradicional intrínseco ao seu local de origem. Produzida em Barcelos, na Cerâmica Soutelo, trata-se de uma coleção de produção única. Movidos por uma dimensão vinculada a um caráter puramente tradicional e secular, não se previa uma tarefa vulgar ao procurar alcançar a sua associação a uma outra dimensão, vigente e assente noutras premissas. Atualmente, perante uma sociedade que submete os indivíduos a um ritmo diário excessivamente acelerado, e a avanços tecnológicos capazes de uma industrialização próxima do descomedido - em que tudo é produzido em instantes -, o que em tempos primava pela singularidade, sabedoria, experiência e cunho humano, tem-se perdido no tempo. Neste seguimento, é fulcral repensar a revitalização das áreas artesanais - neste caso, com foco na olaria - em torno do progresso, ou seja, numa adaptação das suas capacidades ao panorama que se faz sentir nos dias que correm. Logo, e a partir da pegada material, deixada ao longo dos anos, que nos permite analisar o seu percurso e valores associados. Em relação à metodologia praticada, optamos por fracioná-la, essencialmente, em duas partes. A primeira, direcionada a uma vertente puramente teórica, focada na matéria subjacente aos processos artesanais, mais comuns, empregues na olaria (geral). Num momento posterior, mas ainda nesta parte, o objeto de estudo manteve-se incidindo, porém, no centro oleiro de Barcelos. Para além da aquisição de conhecimento que, até ao momento, não detinhamos, esta primeira parte mostrou-se essencial numa vertente de distanciamento entre o geral e o particular. Ou seja, a variação entre o que é assumido como standard e depois é manipulado segundo aspetos culturais. Na segunda parte, prevaleceu o caráter prático, fez-se a transiçao dos fundamentos para uma realidade palpável. Foi o momento em que, para além do contacto direto com o meio olárico, iniciamos o desenvolvimento da coleção. Para tal, e face ao investigado, ditamos um conjunto de metas com o intento de traçar o caminho a percorrer. Destacam-se a preservação do caráter tradicional, a estilização das formas, e a redução decorativa. Ao longo das várias soluções que surgiam e para as quais recorremos a técnicas de desenho convencionais, a software BD (Solidvvorks) e de renderização (Keyshot), eis que alcançamos o resultado pretendido. Sem demora, principiou-se o fabrico de cada artigo da coleção BASE, acompanhado e devidamente documentado por meio fotográfico. Além de ter sido o momento em que os traços no papel se metamorfosearam em corpos sólidos, revelou-se uma experiência para além do sentido material. Apesar de um cenário, que, atualmente, pouco vigora, a interação em nada se mostrou dificultada. Desta forma, não só conseguimos alcançar um paralelismo real entre as numerosas noções abordadas - no enquadramento teórico do presente Projeto -, como também a relação desenvolvida entre oleiro e designer se revelou uma valia crucial tanto a nivel pessoal como na qualidade dos resultados conquistados. |
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H. da Silva, Fernandes, & Silva, 2003, p. 17). O presente Projeto tem como propósito, a partir da área do Design, evidenciar os processos artesanais da olaria barcelense, prestigiando-os através da criação de uma nova coleção de louça utilitária, composta por sete itens (baseada nos exemplares originais) - caneca, copo, tacho, prato, ladeira, assador e assadeira. Coleção esta que, apesar de intentar uma linguagem mais contemporânea, não exclui, na íntegra, o aspeto tradicional intrínseco ao seu local de origem. Produzida em Barcelos, na Cerâmica Soutelo, trata-se de uma coleção de produção única. Movidos por uma dimensão vinculada a um caráter puramente tradicional e secular, não se previa uma tarefa vulgar ao procurar alcançar a sua associação a uma outra dimensão, vigente e assente noutras premissas. Atualmente, perante uma sociedade que submete os indivíduos a um ritmo diário excessivamente acelerado, e a avanços tecnológicos capazes de uma industrialização próxima do descomedido - em que tudo é produzido em instantes -, o que em tempos primava pela singularidade, sabedoria, experiência e cunho humano, tem-se perdido no tempo. Neste seguimento, é fulcral repensar a revitalização das áreas artesanais - neste caso, com foco na olaria - em torno do progresso, ou seja, numa adaptação das suas capacidades ao panorama que se faz sentir nos dias que correm. Logo, e a partir da pegada material, deixada ao longo dos anos, que nos permite analisar o seu percurso e valores associados. Em relação à metodologia praticada, optamos por fracioná-la, essencialmente, em duas partes. A primeira, direcionada a uma vertente puramente teórica, focada na matéria subjacente aos processos artesanais, mais comuns, empregues na olaria (geral). Num momento posterior, mas ainda nesta parte, o objeto de estudo manteve-se incidindo, porém, no centro oleiro de Barcelos. Para além da aquisição de conhecimento que, até ao momento, não detinhamos, esta primeira parte mostrou-se essencial numa vertente de distanciamento entre o geral e o particular. Ou seja, a variação entre o que é assumido como standard e depois é manipulado segundo aspetos culturais. Na segunda parte, prevaleceu o caráter prático, fez-se a transiçao dos fundamentos para uma realidade palpável. Foi o momento em que, para além do contacto direto com o meio olárico, iniciamos o desenvolvimento da coleção. Para tal, e face ao investigado, ditamos um conjunto de metas com o intento de traçar o caminho a percorrer. Destacam-se a preservação do caráter tradicional, a estilização das formas, e a redução decorativa. Ao longo das várias soluções que surgiam e para as quais recorremos a técnicas de desenho convencionais, a software BD (Solidvvorks) e de renderização (Keyshot), eis que alcançamos o resultado pretendido. Sem demora, principiou-se o fabrico de cada artigo da coleção BASE, acompanhado e devidamente documentado por meio fotográfico. Além de ter sido o momento em que os traços no papel se metamorfosearam em corpos sólidos, revelou-se uma experiência para além do sentido material. Apesar de um cenário, que, atualmente, pouco vigora, a interação em nada se mostrou dificultada. Desta forma, não só conseguimos alcançar um paralelismo real entre as numerosas noções abordadas - no enquadramento teórico do presente Projeto -, como também a relação desenvolvida entre oleiro e designer se revelou uma valia crucial tanto a nivel pessoal como na qualidade dos resultados conquistados.Instituto Politécnico do Porto. 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