Da astronomia à astrofísica: a perspectiva portuguesa (1850 - 1940)

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Main Author: Bonifácio, Vítor Hugo da Rosa
Publication Date: 2009
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10773/4837
Summary: As novas descobertas científicas e tecnológicas que ocorreram na segunda metade do século XIX transformaram uma disciplina clássica - a Astronomia - preocupada essencialmente com a posição dos diferentes corpos celestes, numa disciplina moderna interessada na compreensão das suas características físicas - a Astrofísica. Nesta dissertação estudou-se qual a implementação dos estudos astrofísicos em Portugal entre 1850 e 1940. Nesse sentido, analisaram-se os astrónomos e instituições intervenientes e os resultados obtidos, contextualizando a situação portuguesa, sempre que possível, com os desenvolvimentos internacionais. No ano de 1850 iniciou-se a tentativa de re-equipar os observatórios astronómicos da Universidade de Coimbra e da Marinha, em Lisboa, que se encontravam obsoletos após anos de abandono resultantes da situação política da primeira metade do século XIX. Apesar dos equipamentos adquiridos durante a década de 50 a melhoria das condições dos observatórios ficou aquém dos desejos dos seus utilizadores. No ano de 1870, e como consequência da expedição organizada para observar o eclipse solar total de 22 de Dezembro desse ano, os cientistas portugueses tomaram contacto prático, pela primeira vez, com as novas técnicas da fotografia e da espectroscopia astronómica. No rescaldo da expedição e apesar dos novos instrumentos disponíveis optou-se, nos observatórios da Universidade de Coimbra e da Tapada da Ajuda, por prosseguir os trabalhos astrométricos para que os observatórios tinham sido originalmente criados. Na década de 1870 foi fundado, em Lisboa, um novo observatório astronómico afecto à Escola Politécnica com o objectivo de, não só dar apoio às actividades lectivas, mas de nele se efectuarem estudos astrofísicos. Apenas o primeiro destes objectivos foi conseguido. No ano de 1871 iniciou-se um programa de fotografia solar diária no Observatório Meteorológico Infante D. Luiz de Lisboa que terminou aproximadamente uma década depois. Através dos contactos estabelecidos as imagens fotográficas obtidas circularam pelos maiores especialistas internacionais tendo sido bem recebidas. Nas últimas duas décadas do século XIX e primeira do século XX os estudos astrofísicos foram realizados por astrónomos amadores nos campos das manchas solares e da intensidade de estrelas variáveis. Finalmente, no século XX, foi possível iniciar os estudos espectrais no Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra. Nesta dissertação concluímos que o desenvolvimento da astronomia e, em particular, da astrofísica nacional, foi baseado em processos aleatórios sem que seja perceptível uma estratégia de longo prazo. Numa comunidade científica de reduzida dimensão não admira que a história da astrofísica portuguesa entre 1850 e 1940 não seja mais do que um conjunto de oportunidades perdidas, algumas iniciativas pessoais e o projecto de física solar do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra.
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No ano de 1850 iniciou-se a tentativa de re-equipar os observatórios astronómicos da Universidade de Coimbra e da Marinha, em Lisboa, que se encontravam obsoletos após anos de abandono resultantes da situação política da primeira metade do século XIX. Apesar dos equipamentos adquiridos durante a década de 50 a melhoria das condições dos observatórios ficou aquém dos desejos dos seus utilizadores. No ano de 1870, e como consequência da expedição organizada para observar o eclipse solar total de 22 de Dezembro desse ano, os cientistas portugueses tomaram contacto prático, pela primeira vez, com as novas técnicas da fotografia e da espectroscopia astronómica. No rescaldo da expedição e apesar dos novos instrumentos disponíveis optou-se, nos observatórios da Universidade de Coimbra e da Tapada da Ajuda, por prosseguir os trabalhos astrométricos para que os observatórios tinham sido originalmente criados. Na década de 1870 foi fundado, em Lisboa, um novo observatório astronómico afecto à Escola Politécnica com o objectivo de, não só dar apoio às actividades lectivas, mas de nele se efectuarem estudos astrofísicos. Apenas o primeiro destes objectivos foi conseguido. No ano de 1871 iniciou-se um programa de fotografia solar diária no Observatório Meteorológico Infante D. Luiz de Lisboa que terminou aproximadamente uma década depois. Através dos contactos estabelecidos as imagens fotográficas obtidas circularam pelos maiores especialistas internacionais tendo sido bem recebidas. Nas últimas duas décadas do século XIX e primeira do século XX os estudos astrofísicos foram realizados por astrónomos amadores nos campos das manchas solares e da intensidade de estrelas variáveis. Finalmente, no século XX, foi possível iniciar os estudos espectrais no Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra. Nesta dissertação concluímos que o desenvolvimento da astronomia e, em particular, da astrofísica nacional, foi baseado em processos aleatórios sem que seja perceptível uma estratégia de longo prazo. Numa comunidade científica de reduzida dimensão não admira que a história da astrofísica portuguesa entre 1850 e 1940 não seja mais do que um conjunto de oportunidades perdidas, algumas iniciativas pessoais e o projecto de física solar do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra.Scientific and technological discoveries during the 19th century transformed a classic science - Astronomy - mainly concerned with celestial bodies positions, into a modern discipline interested in their physical properties - Astrophysics. In this thesis we studied the implementation of the astrophysical studies in Portugal between 1850 and 1940. We analysed the scientists and institutions involved and the results obtained while comparing them, if possible, with the international context. In the year 1850 a process to re-equip the University of Coimbra and the Lisbon Navy observatory astronomical was initiated. These observatories were obsolete following decades of neglect as consequence of the troubled Portuguese political situation of the first half of the 19th century. Despite the new instruments bought in the 50's the observatories improvements were below their users expectations. In 1870, and as consequence of expedition organised to observe the solar eclipse of 22 December the Portuguese scientists had their first practical experience with the astronomical photography and spectroscopy techniques. After the eclipse and despite the new instruments available the option was made to continue astrometric research at the Coimbra and the Tapada da Ajuda, founded in 1857, observatories. In the 1870!s Polytechnic School Astronomical Observatory was founded in Lisbon with the dual purpose of being a teaching institution and an astrophysics research facility. Only the first of these goals was attained. In 1871 a program of daily solar photography was initiated in the Infante D. Luiz Meteorologic Observatory located in Lisbon. It terminated approximately ten years later but in the meantime the photographs obtained were widely circulated amongst the field specialists and were well received by them. In the last two decades of the 19th century and first of the 20th century the astrophysical research in the country was performed by amateur astronomers in particular in the fields of sunspot observations and variable star photometry. Finally, in the 20th century it was possible to start-up the astronomical spectroscopy studies at the Coimbra University Observatory. In the thesis we conclude that the development of Portuguese astronomy, and astrophysics, in particular, was based on random decisions without a clear long term strategy. Being a small community it is not surprising that the history of Portuguese astrophysics between 1850 and 1940 it is no more than several lost opportunities, a few personal initiatives and the Coimbra University Astronomical Observatory solar physics research program.Universidade de Aveiro2011-12-27T15:24:22Z2009-01-01T00:00:00Z2009doctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/4837TID:101193980porBonifácio, Vítor Hugo da Rosainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2024-05-06T03:34:38Zoai:ria.ua.pt:10773/4837Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T13:39:13.088091Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
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