A busca pela autonomia das bordadeiras de Viana do Castelo: novas perspetivas através da lente do design

• Main Author: Zanini, Miriam
• Publication Date: 2023
• Other Authors: Prozil, Mónica, Alvelos, Heitor
• Language: por
• Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
• Download full: http://hdl.handle.net/10773/40254
• topic: Design e artesanato; Gênero e bordado; Oficios tradicionais portugueses

Este estudo ambiciona contribuir para a melhoria das relações e processos produtivos/económicos das bordadeiras dos bordados de Viana do Castelo, Norte de Portugal. Bem como contribuir para dar visibilidade e autonomia a este grupo de mulheres. Um conjunto de técnicas, padrões e composições têxteis reconhecidas e associadas a um lugar de nascimento e origem, que após um século está sedimentada como património cultural: O bordado de Viana do Castelo, exuberante, de cores fortes, técnica impecável e composições delicadas e precisas. Após 10 anos da sua certificação, verificamos que a não inovação, e a constante repetição dos mesmos motivos (a maioria dos riscos bordados ainda hoje, foram feitos no começo do século XX), nos colocam diante de uma estagnação criativa que conduziu ao desinteresse, provocado em larga medida pela comercialização excessiva e abastardamento do bordado, que ocorre gradativamente com um menor interesse pela execução desta atividade e ausência de novas bordadeiras a par do envelhecimento das bordadeiras ativas. Observamos também uma cruel realidade, a atividade das bordadeiras é totalmente invisibilizada trazendo-lhes constrangimentos econômicos que a par da desvalorização desta mão de obra extremamente especializada, soma-se a baixa autoestima, falta de reconhecimento e de pertensa a um grupo profissional. Uma forte contradição quando pensamos em um objeto único, com muitas horas de trabalho e executado manualmente. É necessário entender o contexto local – o território e a maneira em que estes produtos são concebidos e produzidos – compreender as relações que se formam em torno da produção e do seu consumo. O design pode contribuir nessa complexa tarefa de mediar produção e consumo, tradição e inovação, qualidades locais e relações globais. Nossa metodologia será a etnografia, que permitirá entender as bordadeiras, suas percepções e comportamentos. Através de análise documental, entrevistas, depoimentos, consultas a bancos de dados, faremos mapeamento das bordadeiras e atores da cadeia produtiva do Bordado de Viana do Castelo. Realizaremos Workshops Técnico/produtivos e uma publicação – O Manual Técnico dos Bordados de Viana do Castelo. Esta abordagem metodológica poderá ser reutilizada em territórios onde ofícios tenham problemáticas semelhantes em sua cadeia produtiva.