A satisfação com os cuidados de enfermagem em pessoas dependentes de substâncias

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Main Author: Seabra, Paulo
Publication Date: 2015
Other Authors: Sá, Luís, José, Amendoeira
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.14/17992
Summary: Introdução: satisfação com os cuidados de saúde tem sido investigada por várias disciplinas enquanto indicador relevante de qualidade relacionado com o estado de saúde dos utentes (1). A satisfação com os cuidados de enfermagem é uma forma eficaz de avaliarmos o resultado das intervenções de enfermagem (2). Desconhecemos estudos que evidenciem o grau de satisfação da população consumidora de drogas cuidada por enfermeiros. Este estudo tem como objectivos: Avaliar o grau de satisfação com os cuidados de enfermagem, assinalado por utentes dependentes de drogas e identificar que variáveis se relacionam com a satisfação. Materiais e Método: Desenvolvemos um estudo quantitativo, descritivo, correlacional, com uma abordagem transversal. Estudamos 180 dependentes de opiáceos integrados em programas de manutenção com metadona através de uma amostragem probabilística aleatória sistemática. O instrumento de colheita de dados foi composto por um questionário de caracterização sociodemográfica, dados clínicos e comportamentais relacionados com o consumo de drogas. Utilizamos a escala “Satisfação dos utentes com os cuidados de enfermagem no centro de saúde (SUCECS26)” (2). Resultados: A amostra é essencialmente de género masculino (73,3%). Média de idade de 41,06 [24-69]; dp=7,58. Escolaridade acima do 9º ano 17,2%. Solteiros 55,6%. Desempregados 48.3%. Assinalaram consumos de substâncias 71,1%. Comorbilidades 75%. A média de anos a consumir 16,8. A satisfação apurada com a adaptação da escala a 22 itens e com um intervalo de resposta possível entre os 0 aos 66 valores foi, 55,4 [33-66]; dp=6,43, que equivale a 83,29% de satisfação. Nas subescalas apuramos: “individualização da informação” 98,5%; “formalização da informação” 93,4%; “qualidade na assistência” 88,8%; “promoção de elo de ligação” 88,6%; “envolvimento do doente” 78,4%; “informação de recursos” 50,7%. Verifica-se que a satisfação com os cuidados de enfermagem, é muito boa na generalidade e em todas as subescalas, exceto, no que refere a disponibilização para informar sobre recursos ao dispor do utente. As dimensões onde há mais satisfação são relacionadas com a informação sobre o utente (individualização e formalização). Contribuem para mais satisfação: Um maior número de intervenções de enfermagem (F=17,096; p<,05); menor número de entradas no programa (r=-,220; p<,001); Não consumir estimulantes (t=2,192; p<,05) e benzodiazepinas (t=3,434; p<,05). Discussão e Conclusão: Os utentes valorizam a participação nas decisões e a informação sobre a sua saúde (3). Maior satisfação com os cuidados vai contribuir para mais adesão terapêutica, melhores resultados funcionais, melhor humor e mais auto-cuidado (4–6). Ter perturbação mental, associa-se a menos satisfação, o que reforça a necessidade de uma melhor avaliação dos utentes e intervenções mais direcionadas (7). A satisfação apurada resulta dos cuidados prestados. A individualização e formalização da informação, qualidade na assistência, envolver o doente e atuar enquanto elo de ligação, surgem como dimensões valorizadas. Consideramos que a dificuldade ou ausência de respostas às muitas necessidades, causadas pelas condições socioeconómicas e comorbilidades, levam a manifestar menor satisfação em relação aos cuidados de enfermagem, enquanto fonte de informação de recursos para fazer face a essas necessidades. A permanência nos programas e a satisfação com os cuidados são fatores protetores que reforçam a necessidade de programas mais flexíveis, que atendam a mais necessidades e previnam o abandono do tratamento.
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