Doença de Descompressão no Mergulho em Apneia

Bibliographic Details
Main Author: Vasconcelos, Inês Caldeira Valverde de Azeredo
Publication Date: 2018
Format: Master thesis
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.6/8402
Summary: Introdução: A doença disbárica é causada pela formação de bolhas de gases inertes devido à diminuição da pressão hidrostática durante o mergulho. Esta doença inclui duas entidades clínicas: a doença da descompressão, quando as bolhas são formadas in situ após a supersaturação do tecido em gases inertes dissolvidos, e a embolia gasosa arterial, em que ocorre a entrada de gás a nível pulmonar e a sua posterior passagem para a circulação arterial. A doença é característica do mergulho autónomo, no entanto, estudos recentes têm revelado que embora a sua incidência seja rara, particularmente no mergulho em apneia, está a aumentar e deve ser prevenida, pela sua apresentação neurológica potencialmente fatal. Material e Métodos: O caso clínico que se descreve foi tratado no Centro de Medicina Subaquática e Hiperbárica da Marinha. Toda a informação bibliográfica foi obtida através da pesquisa de publicações relacionadas na plataforma online PubMed, em inglês, sem restrições de data de publicação, recorrendo aos seguintes termos: “doença disbárica”, “síndrome de taravana”, “doença de descompressão”, “mergulho em apneia”, “scooter subaquática”, “foramen oval patente”. Resultados: Um individuo do sexo masculino, de 38 anos, recorreu ao serviço de urgência de um centro hospitalar após desenvolver um quadro neurológico agudo no contexto de realização de mergulhos em apneia sucessivos, com scooter subaquática, com a duração de 2-2.5min, a uma profundidade de 29-32m, perfazendo um total de 5h de mergulho sem intervalos de superfície. Durante a avaliação médica, foi detectado que o doente apresentava um foramen oval patente, sinais microembólicos no doppler transcraniano, e a imagem de ressonância magnética cranioencefálica evidenciou uma lesão hiperintensa em T2/FLAIR na substância branca subcortical, na região subcentral frontal à esquerda. O individuo foi submetido a uma sessão de oxigenoterapia hiperbárica de emergência com a Tabela 6 da Marinha Norte-Americana, seguida de um esquema terapêutico com 4 sessões de oxigenoterapia hiperbárica de rotina, a 2.5 ATA, durante 75 min. O doente teve evolução clínica favorável, com remissão da sintomatologia. Conclusão: O quadro clínico apresentado é concordante com o desenvolvimento de doença de descompressão no mergulho em apneia, também conhecida como Síndrome de Taravana. Contudo, continua ainda por clarificar o mecanismo fisiopatológico que originou esta síndrome, tal como em outros casos semelhantes descritos na literatura. Atualmente mantém-se as diversas limitações à prevenção e diagnóstico da síndrome de Taravana, tais como a falta de ensaios clínicos, ausência de modelos fisiopatológicos preditivos e redundância de classificações.
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spelling Doença de Descompressão no Mergulho em ApneiaEstudo de CasoDoença de DescompressãoDoença DisbáricaMergulho Em ApneiaScooter SubaquáticaSíndrome de TaravanaIntrodução: A doença disbárica é causada pela formação de bolhas de gases inertes devido à diminuição da pressão hidrostática durante o mergulho. Esta doença inclui duas entidades clínicas: a doença da descompressão, quando as bolhas são formadas in situ após a supersaturação do tecido em gases inertes dissolvidos, e a embolia gasosa arterial, em que ocorre a entrada de gás a nível pulmonar e a sua posterior passagem para a circulação arterial. A doença é característica do mergulho autónomo, no entanto, estudos recentes têm revelado que embora a sua incidência seja rara, particularmente no mergulho em apneia, está a aumentar e deve ser prevenida, pela sua apresentação neurológica potencialmente fatal. Material e Métodos: O caso clínico que se descreve foi tratado no Centro de Medicina Subaquática e Hiperbárica da Marinha. Toda a informação bibliográfica foi obtida através da pesquisa de publicações relacionadas na plataforma online PubMed, em inglês, sem restrições de data de publicação, recorrendo aos seguintes termos: “doença disbárica”, “síndrome de taravana”, “doença de descompressão”, “mergulho em apneia”, “scooter subaquática”, “foramen oval patente”. Resultados: Um individuo do sexo masculino, de 38 anos, recorreu ao serviço de urgência de um centro hospitalar após desenvolver um quadro neurológico agudo no contexto de realização de mergulhos em apneia sucessivos, com scooter subaquática, com a duração de 2-2.5min, a uma profundidade de 29-32m, perfazendo um total de 5h de mergulho sem intervalos de superfície. Durante a avaliação médica, foi detectado que o doente apresentava um foramen oval patente, sinais microembólicos no doppler transcraniano, e a imagem de ressonância magnética cranioencefálica evidenciou uma lesão hiperintensa em T2/FLAIR na substância branca subcortical, na região subcentral frontal à esquerda. O individuo foi submetido a uma sessão de oxigenoterapia hiperbárica de emergência com a Tabela 6 da Marinha Norte-Americana, seguida de um esquema terapêutico com 4 sessões de oxigenoterapia hiperbárica de rotina, a 2.5 ATA, durante 75 min. O doente teve evolução clínica favorável, com remissão da sintomatologia. Conclusão: O quadro clínico apresentado é concordante com o desenvolvimento de doença de descompressão no mergulho em apneia, também conhecida como Síndrome de Taravana. Contudo, continua ainda por clarificar o mecanismo fisiopatológico que originou esta síndrome, tal como em outros casos semelhantes descritos na literatura. Atualmente mantém-se as diversas limitações à prevenção e diagnóstico da síndrome de Taravana, tais como a falta de ensaios clínicos, ausência de modelos fisiopatológicos preditivos e redundância de classificações.Introduction: Decompression illness or dysbaric illness is caused by the development of inert gas bubbles as consequence of a reduction in hydrostatic pressure while diving. The disease includes two clinical entities: decompression sickness, in which the bubbles are formed locally from the supersaturation of the inert gases dissolved in the tissues; and arterial gas embolism, where gas is introduced into the arterial circulation through pulmonary barotrauma. Usually, dysbaric illness is associated solely to assisted diving, and its incidence is rare in breath-hold diving. However, recent studies have shown that this incidence is rising and must be prevented from growing further, since its typical neurological presentation is potentially fatal. Materials and Methods: The clinical case here presented was treated in the Underwater and Hyperbaric Medical Centre of the Portuguese Navy. All references were found using the online platform PubMed, using the following search terms, in English, and without any publication date restriction: “decompression sickness”, “decompression illness”, “dysbaric illness”, “taravana syndrome”, “breath-hold diving”, “underwater scooter”, “patent foramen ovale”. Results: A 38 year-old man was admitted to the emergency department of a central hospital after developing an acute neurological episode immediately after undergoing breath-hold diving using an underwater scooter. The activity lasted a total of 5h, with dives lasting 2-2.5min, reaching between 29-32m in depth, and without any surface intervals. While in evaluation, it was detected that the patient had a patent foramen ovale observable through echocardiography, microembolic signals in the transcranial echodoppler, and a hyperintense lesion in the subcortical white matter of the subcentral left frontal region in T2/FLAIR in the magnetic resonance imaging of the brain. Following clinical suspicion, the patient underwent an emergency hyperbaric oxygenotherapy therapy session using United States Navy Table 6, followed by four routine sessions with 2.5 ATA for 75 min. The patient exhibited a favourable clinical evolution, with full remission of symptoms. Conclusion: The case described is in accordance with the development of decompression sickness in breath-hold diving, also known as Taravana Syndrome. Its pathophysiology is still not fully understood, as its causal relationship to clinical cases similar to this. Moreover, there are still many obstacles to the prevention and diagnosis of such occurrences, as there is little scientific and clinical research available, and disagreement about the adequate classification to employ. It is necessary to construct predictive pathophysiological models so we can prevent adverse events such as decompression sickness in breath-hold diving.Guerreiro, Francisco GamitoTjeng, RicardouBibliorumVasconcelos, Inês Caldeira Valverde de Azeredo2020-01-16T16:40:10Z2018-06-262018-05-82018-06-26T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/8402urn:tid:202362418porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-03-11T15:01:18Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/8402Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-29T01:22:50.743370Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
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