Tratamento da esquistossomose mansônica hepatesplênica com praziquantel

Bibliographic Details
Main Author: Coutinho, Amaury D.
Publication Date: 1984
Other Authors: Domingues, Ana Lúcia C., Florêncio, Jane N., Almeida, Suzana T.
Format: Article
Language: por
Source: Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo
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Summary: Noventa e quatro pacientes, 22 do sexo masculino e 72 do feminino, com idades variando de 11 a 71 anos, média de 25, apresentando a forma hepatesplênica da esquistossomose mansônica, foram tratados com uma nova droga antiesquistossomótica — praziquantel — objetivando-se investigar sua eficácia e tolerância. Duas doses orais — 1 x 30 e 2 x 25 mg/kg — foram comparadas. Efeitos colaterais foram verificados durante os primeiros dois dias seguintes à administração da droga, mas usualmente de média intensidade e curta duração. Os mais freqüentes e, por vezes, mais severos foram: dor ou desconforto abdominal, diarréia, tontura, cefaléia e náusea. Febre esteve presente em 19,2% dos casos e urticaria e prurido em dois pacientes. A investigação laboratorial mostrou, em alguns casos, ligeiras alterações enzimáticas (AST, ALT, γ-GT) 24 horas após a medicação. Nenhuma modificação da urinálise, da glicose sangüínea e dos dados hematológicos foi detectada, exceto o aumento comumente observado dos eosinófilos nos 7." e 30.° dias, relacionado à morte dos parasitas dentro do organismo. Da mesma forma, nenhuma anormalidade foi verificada no estudo eletroencefalográfico. Na eletrocardiografia, observou-se, em duas pacientes, uma ligeira e transitória alteração na repolarização ventricular. No que diz respeito à cura parasitológica, constatou-se, em 62 pacientes que concluíram seis meses de controle, um porcentual global de cura de 80,6%, sendo de 76,7% com a dose de 30 mg/lkg e de 84,4% com a de 2 x 25 mg/kg. Os pacientes não curados tiveram, por outro lado, uma acentuada redução no número de ovos do S. mansoni eliminados nas fezes. Além disso, cinco pacientes não curados, foram retratados seis ou mais meses depois, com a mesma dose inicial, obtendo-se 100°/o de negatividade nos exames de fezes. Os Autores acreditam que com a administração de doses um pouco mais altas como, por exemplo, 60 mg/kg, se possa obter um maior porcentual de cura, sem prejuízo da boa tolerância. A melhora clínica e laboratorial a longo prazo, isto é, seis ou mais meses após a medicação, foi marcante em todos os parâmetros estudados.
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A investigação laboratorial mostrou, em alguns casos, ligeiras alterações enzimáticas (AST, ALT, γ-GT) 24 horas após a medicação. Nenhuma modificação da urinálise, da glicose sangüínea e dos dados hematológicos foi detectada, exceto o aumento comumente observado dos eosinófilos nos 7." e 30.° dias, relacionado à morte dos parasitas dentro do organismo. Da mesma forma, nenhuma anormalidade foi verificada no estudo eletroencefalográfico. Na eletrocardiografia, observou-se, em duas pacientes, uma ligeira e transitória alteração na repolarização ventricular. No que diz respeito à cura parasitológica, constatou-se, em 62 pacientes que concluíram seis meses de controle, um porcentual global de cura de 80,6%, sendo de 76,7% com a dose de 30 mg/lkg e de 84,4% com a de 2 x 25 mg/kg. Os pacientes não curados tiveram, por outro lado, uma acentuada redução no número de ovos do S. mansoni eliminados nas fezes. Além disso, cinco pacientes não curados, foram retratados seis ou mais meses depois, com a mesma dose inicial, obtendo-se 100°/o de negatividade nos exames de fezes. Os Autores acreditam que com a administração de doses um pouco mais altas como, por exemplo, 60 mg/kg, se possa obter um maior porcentual de cura, sem prejuízo da boa tolerância. A melhora clínica e laboratorial a longo prazo, isto é, seis ou mais meses após a medicação, foi marcante em todos os parâmetros estudados. Ninety-four patients, 22 males and 72 females, from 11 to 71 years old, with an average of 25 years, presenting the hepatosplenic form of Schistosomiasis mansoni were treated with a new anthelmintic drug — praziquantel — to investigate its efficacy and tolerance. In addition to the hepatosplenic form of the disease, 14 patients had the cardio-pulmonary hypertensive or cyanotic form and 16 had already been submitted to splenectomy. Two oral doses — 1 x 30 and 2 x 25 mg/kg body weight — were compared. Side-effects were noticed during the first two days following the drug administration but usually of mild intensity and short duration. The most frequent and, at times, more severe were abdominal pain or discomfort, diarrhea, headache, dizziness and nausea. Fever was present in 19.2% of the cases and urticaria and pruritus in two patients. The laboratorial investigation of liver function showed, in some cases, slight enzymatic alterations (AST, ALT, y GT) 24 hours after medication, but without any major significance. No urinary, blood glucose or hematological changes have been detected, except, for the commonly seen increase of eosinophyls on the 7th and 30th day, related to the death of parasites inside the organism. Likewise, no abnormality was noticed in the electroencephalografic study. In the electrocardiogram it was observed in two patients a slight and transitory modification on the ventricular repolarization. With regard to the parasitological cure, it was observed in 62 patients Who have finished the 6 months control period, a total cure rate of 80.6%. With 30 mg/kg single dose this cure rate was 76.7% and with 25 mg/kg b.i.d. 84.4%. The non-cured patients, on the other hand, have shown a marked reduction in the number of S. mansoni eggs eliminated in the feces. Furthermore, five of these patients Were retreated six or more months afterwards with the same initial dose, achieving 100% negative stool examinations. The Authors believe that administering a higher dose, like 60 mg/kg, it would be possible to accomplish, in addition to good tolerance, a greater percentage of parasitological cure. The long-term clinical and laboratory improvement, observed 6 and 12 months after treatment, is worthy of note. Universidade de São Paulo. Instituto de Medicina Tropical de São Paulo1984-02-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/rimtsp/article/view/87236Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo; Vol. 26 No. 1 (1984); 38-50Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo; v. 26 n. 1 (1984); 38-50Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo; Vol. 26 Núm. 1 (1984); 38-501678-99460036-4665reponame:Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Pauloinstname:Instituto de Medicina Tropical (IMT)instacron:IMTporhttps://www.revistas.usp.br/rimtsp/article/view/87236/90198Copyright (c) 2018 Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Pauloinfo:eu-repo/semantics/openAccessCoutinho, Amaury D.Domingues, Ana Lúcia C.Florêncio, Jane N.Almeida, Suzana T.2015-07-29T16:38:18Zoai:revistas.usp.br:article/87236Revistahttp://www.revistas.usp.br/rimtsp/indexPUBhttps://www.revistas.usp.br/rimtsp/oai||revimtsp@usp.br1678-99460036-4665opendoar:2015-07-29T16:38:18Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo - Instituto de Medicina Tropical (IMT)false
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