Mobilidade e identidade: trajetórias e experiências de moçambicanos na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lavor, Anna Ariane Araújo de lattes
Orientador(a): Mazzarino, Jane Márcia lattes
Banca de defesa: Brandt, Grazielle Betina, Monteiro, Artemisa Odila Candé, Barden, Júlia Elisabete
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PPGAD;Ambiente e Desenvolvimento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
CB
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10737/3270
Resumo: A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) tem como objetivo formar pessoas para contribuir com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente das nações africanas. Os cursos são ministrados conforme as áreas de interesse mútuo do Brasil e dos demais países da CPLP. Além disso, a possibilidade de mobilidade estudantil tem atraído estudantes de diferentes países da África ao Brasil, dentre eles, os moçambicanos. Por isso, o objetivo geral desta tese é investigar interferências identitárias e processos de (re)construção a partir da experiência de mobilidade vivida por estudantes moçambicanos da UNILAB. Como objetivos específicos, definimos os seguintes: a) contextualizar historicamente a criação da UNILAB e os Programas de Colaboração técnica entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP); b) mapear as trajetórias dos estudantes, considerando aspectos e dimensões da identidade que têm interferências decorrentes de sua mobilidade estudantil, levando-se em conta três tempos: antes de sair do país; na condição de estudantes da UNILAB, e ao finalizar os cursos; c) identificar e analisar as dificuldades e motivações dos estudantes moçambicanos da UNILAB na sociedade local, considerando aspectos e dimensões identitárias, bem como as estratégias que constroem para seu enfrentamento; e d) verificar como a identidade pessoal intercambia com o interesse de vínculo coletivo. A pesquisa realizada foi descritiva, focada na pesquisa bibliográfica, documental e de campo, que foi baseada em entrevistas e questionários. Ao final, evidenciou-se que os elementos mais dinamizados no processo de mobilidade estudantil referem-se a aspectos da identidade africana e nacional, sexual e de gênero, além da social. Também foi possível perceber que a principal dificuldade foi a discriminação (xenofobia, racismo e hiperssexualização). Quanto às motivações, 74% dos entrevistados demonstraram ter um ideal não apenas individual, mas especialmente coletivo (familiar e/ou institucional) que os levou a participar da mobilidade estudantil. Os entrevistados se apresentam como cidadãos de fronteira, que já não serão como os que não saíram, mas também não serão do país para o qual migraram. Eles são, ainda, imigrantes transnacionais que se integraram ao Brasil, sem perder o vínculo com seu país de origem. Além disso, identificou-se que a mobilidade estudantil é dinamizadora de recursividades na abordagem das capacitações: do Estado para a pessoa, da pessoa para o Estado e das pessoas entre si. Assim, a temática da mobilidade contemporânea apresenta uma complexidade e heterogeneidade que induzem a consequências sociais que afetam tanto o migrante, que tem suas relações, modo de vida e identidade modificados nesse percurso, quanto os locais de origem e de destino. Isso porque os entrevistados pretendem com essa mobilidade contribuir para o desenvolvimento de Moçambique, por meio da educação recebida, a qual tem potencial para a remoção de diversas privações de liberdade encontradas no país.