Estudo fitoquímico de frações do extrato n-butanólico do tubérculo cará-moela (Dioscorea bulbifera) e avaliação das atividades antitumoral e citotóxica

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Moreira, Beatriz Godoy Martins
• Orientador(a): Pereira, Edimir Andrade
• Banca de defesa: Teixeira, Sirlei Dias , Pereira, Edimir Andrade , Valdez, Rodrigo Hinojosa , Oldoni, Tatiane Luiza Cadorin
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Pato Branco
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Produtos naturais; Química vegetal; Metabólitos; Plantas medicinais; Natural products; Botanical chemistry; Metabolites; Medicinal plants
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::ENGENHARIAS::ENGENHARIA QUIMICA::PROCESSOS INDUSTRIAIS DE ENGENHARIA QUIMICA::PROCESSOS BIOQUIMICOS
• Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/26979

A biodiversidade do planeta é imensa e pode ser observada em todos os ambientes, está relacionada à quantidade de animais, plantas e micro-organismos de uma área, incluindo-se também aspectos de diversidade genética entre os organismos, e portanto, tem um enorme potencial, quanto à exploração medicinal no desenvolvimento da indústria farmacêutica. Contudo, um grande entrave existente é a insuficiência de informações científicas que correlacionem, por exemplo para uma dada espécie vegetal, a atividade biológica e a sua constituição química, de forma a garantir a eficácia e segurança da utilização de uma planta. A Dioscorea bulbifera é uma planta alimentícia nativa da Ásia e África, mas está presente em regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, se desenvolvendo facilmente em diversas regiões do Brasil. Estudos recentes apontam uma diversidade de atividades biológicas exercidas pelo tubérculo cará-moela (D. bulbifera), tais como, ação imunomoduladora, antioxidante, anti-inflamatória e antitumoral. Os medicamentos utilizados na atualidade para o tratamento do câncer são pouco seletivos, sendo tóxicos para as células tumorais e células normais, causando uma série de efeitos colaterais aos pacientes em tratamento. Com isso, surge a expectativa em encontrar substâncias provenientes de plantas com potencial ação antitumoral e que não sejam tóxicas à células saudáveis. O objetivo do presente estudo é estudar fitoquimicamente as frações obtidas do extrato n-butanólico da D.bulbifera e investigar a atividade antitumoral in vitro frente à células leucêmicas e a citotoxicidade em células renais. Inicialmente os tubérculos liofilizados foram submetidos à extração a frio com etanol 75%. Uma vez obtido o extrato, o mesmo foi particionado sucessivamente com os solventes clorofórmio, acetato de etila, n-butanol e água, em ordem crescente de polaridade, visando a pré-purificação. O extrato n-butanólico foi fracionado por coluna de sílica flash dando origem a 11 frações denominadas de F1 a F11. As frações F5, F6, F7 e F8 foram purificadas através de diferentes técnicas cromatográficas, dando origem a 16 compostos que foram submetidas a análise de RMN 1H em espectrômetro Bruker Avance III, 500 MHz, utilizando DMSO deuterado como solvente. Os espectros obtidos foram avaliados e seus dados correlacionados com os dados da literatura de compostos isolados anteriormente da D. bulbifera. Por meio dessa comparação, foi possível propor a estrutura da diobulbinona A, diosbulbina I, diosbulbina J, diosbulbiol B e um composto aromático para-substituído. A atividade antitumoral in vitro das frações obtidas foi avaliada frente às células leucêmicas Raji e Jurkat, bem como a citotoxicidade contra as linhagens celulares renais Vero e LLC-MK2. As frações F3, F4 e F10 apresentaram bons resultados frente a linhagem celular Jurkat com valores de CI50 inferiores a 100 μg mL-1. Já as subfrações F8S2-1 e F8S2-2 apresentaram excelentes resultados com valores de CI50 de 0,0133 e 21,2332 μg mL-1 respectivamente. No que se refere a linhagem celular Raji, as frações F5, F6, F7, F8 e F11 apresentaram bons resultados, já a subfração F8S2-2 apresentou um excelente resultado, com valor de CI50 de 0,3700 μg mL-1. Dentre elas a F7 apresentou altos índices de Seletividade (IS) para as linhagens celulares Raji e Jurkat quando avaliado frente as duas linhagens renais (Vero e LLC-MK2). No que se refere às células Raji, as amostras F5, F6, F7 apresentaram valores de IS notavelmente elevados. A fração F8 se mostra bastante promissora, pois apresentou alto rendimento e deu origem a duas subfrações com excelente resultados antitumorais. Com a continuidade dos estudos com a D.bulbifera, espera-se uma possível aplicação de constituintes da planta em fármacos que poderão atuar de forma seletiva no combate ao câncer.