As histórias em quadrinhos de Maria Erótica (1979-1981) de Claudio Seto: visões carnavalizantes durante a ditadura militar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Leandro Luiz dos lattes
Orientador(a): Queluz, Marilda Lopes Pinheiro lattes
Banca de defesa: Fernandes, José Carlos lattes, Imaguire Junior, Key lattes, Silva, Luciano Henrique Ferreira da lattes, Queluz, Marilda Lopes Pinheiro lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/5098
Resumo: Este trabalho acadêmico tem por objetivo analisar as histórias da revista “Maria Erótica” criadas por Claudio Seto (1944-2008) e publicadas pela editora Grafipar, em Curitiba, entre a segunda metade de 1979 e o início dos anos 1980. A análise foi desenvolvida à luz do conceito de “carnavalização” do filósofo e linguista russo Mikhail Bakhtin (1895-1975), no qual o humor e o inusitado são usados como forma de contestação da hierarquia e da ordem vigente. Tal conceito foi aplicado nas 18 histórias da amostra a partir da premissa que os quadrinhos eróticos – mesmo que de forma não intencional – transgrediram a moral da sociedade conservadora que apoiou a implantação e a manutenção da ditadura militar (1964-1985) no Brasil. Naquela época, os quadrinhos eróticos também foram alvo da censura, principalmente pelo fato de a pornografia ser proibida no país. A protagonista Maria Erótica – criada em 1969 e considerada uma das grandes criações de Seto – demonstra ser, a partir da análise, um objeto do fetiche masculino. Na maioria das cenas sexuais, a iniciativa parte dos homens e não de Maria – o assédio e o abuso sexual aparecem de forma recorrente em grande parte das histórias analisadas. A protagonista somente se entrega aos interlúdios sexuais no mundo da fantasia, uma vez que na realidade demonstra-se moralista e pudica. A partir dessas constatações, Maria Erótica é vista como reflexo da sociedade patriarcal brasileira que não admite plena liberdade sexual para as mulheres. Outras protagonistas de quadrinhos eróticos internacionais da mesma época são controversas quanto à liberação sexual feminina – como Barbarella, de Jean-Claude Forest (1930-1998). Na dissertação, paralelamente ao desenvolvimento das análises, são abordados aspectos biográficos de Claudio Seto – especialmente no que concerne a sua produção quadrinística – a partir de relatos de colegas de trabalho e de familiares. Seto, neto de imigrantes japoneses, tem grande importância no contexto dos quadrinhos brasileiros por ser considerado um dos introdutores do estilo mangá no país.