A ciência e a tecnologia entre projetos de sociedade em disputa: o caso do IFSC
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/1208 |
Resumo: | Esta investigação teve o objetivo de compreender como os projetos de sociedade em disputa influenciam na produção da ciência e da tecnologia e nas (im)possibilidades de acesso aos conhecimentos científicos e tecnológicos pelos trabalhadores. Para alcançar esse objetivo, analisaram-se as políticas e a produção de ciência e tecnologia no país; as aproximações e os distanciamentos do conhecimento científico e tecnológico da educação do trabalhador, suas determinações e condicionamentos para as políticas de educação profissional e tecnológica no Brasil; e a influência dessas questões no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catariana – IFSC. Para a condução desta pesquisa, elegeu-se o materialismo histórico e dialético como referencial teórico e metodológico, trabalhando-se com revisão bibliográfica, análise documental, observação direta e entrevistas com professores e gestores do IFSC. Assim, a pesquisa partiu da realidade material, tomando sua historização como pressuposto de análise, em que, no movimento do real (em um processo dialético), buscou-se captar os aspectos intrínsecos a essa realidade. Como principais resultados, verificou-se que, no país, há um amplo processo de formação de consensos relacionando a produção da ciência e da tecnologia com o termo e o conceito de inovação. À inovação passa a ser tributado o crescimento econômico, a competitividade e, em especial, passa a ser ela mesma considerada uma condição para a transformação social e para a construção de um novo projeto de sociedade. Todavia, identifica-se que o sentido atribuído à inovação, que é compartilhado socialmente, relaciona-se com a política explícita de ciência e tecnologia, e esta é composta por construções ideológicas que legitimam a intervenção do Estado na infraestrutura produtiva e tecnológica, o que não é prática nova na realidade brasileira, pois trata-se de algo que há muito tempo é feito. Além disso, constata-se que a política implícita de ciência, tecnologia e também de inovação está comprometida com a lógica social posta e seus condicionantes. Os seguintes aspectos são reveladores para essa compreensão: os resultados das políticas de C,T&I (política explícita); os principais beneficiários das políticas em curso; o direcionamento dos recursos da política de C,T&I e da política industrial; os investimentos do setor empresarial em P&D e inovação; entre outros. Já ao analisar-se o acesso a uma educação que tenha em suas bases os conhecimentos científicos e tecnológicos, verificou-se que apenas um seleto grupo da sociedade pode atingi-la. Aos demais é ofertada uma educação que acompanha a extensa arquitetura social, ou seja, uma educação diferenciada e desigual oferecida para diferentes grupos da sociedade. Neste contexto, portanto, um grande contingente populacional acessa apenas uma educação fragmentada, pontual e de caráter simples. Esse processo contraditório ocorre porque, em um percurso dialógico que envolve a constrição da reprodução do capital e a contrainvestida do sistema capitalista, passam a ser utilizadas a mais alta tecnologia e a inovação de forma combinada com a ampliação da extração da mais-valia absoluta e relativa. Assim, amplia-se o processo de precarização das condições de trabalho de ampla parcela dos trabalhadores, contexto em que a “desqualificação” passa a ser um elemento estruturante da reprodução e da acumulação do capital. Identificou-se também que esses movimentos da realidade social se desdobram no contexto do IFSC, em que se verifica a existência de uma ampla arquitetura educacional que reproduz a arquitetura social existente, isto é, permanece restrito o acesso a uma educação que tenha a ciência e a tecnologia em suas bases. Identifica-se ainda que há um processo de naturalização das classes sociais ou a compreensão de que uma educação que prepara o trabalhador para ocupar um “papel” no “sistema social” (na extensa arquitetura social, que é extremamente desigual) seja inclusiva e também afeita aos interesses dos trabalhadores. Nessa instituição, também se verifica que há em grande medida um consenso acerca da importância da inovação, perspectiva utilizada para direcionar a produção da ciência e a da tecnologia por meio da pesquisa. Portanto, a partir desses resultados, identificam-se as necessidades de ampliação das discussões sobre os projetos de sociedade em curso e sua relação com a produção da C&T e do acesso aos conhecimentos científicos e tecnológicos por parte dos trabalhadores. |