Agroindústrias familiares ecológicas e a agregação de valor alimentar: trajetória de mulheres rurais no desenvolvimento regional

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Demetrio, Milena
• Orientador(a): Gazolla, Marcio
• Banca de defesa: Oliveira, Daniela , Gazolla, Marcio , Boni, Valdete , Godoy, Wilson Itamar
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Pato Branco
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Agroindústria; Agricultura familiar; Mulheres do campo; Trabalhadores rurais; Desenvolvimento rural; Agricultural industries; Family farms; Rural women; Agricultural laborers; Rural development
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL
• Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/29893

Esta pesquisa busca investigar a agregação de valor alimentar que ocorre nos Sistemas Agroindustriais Familiares de Base Ecológica (SAFEs) dando ênfase na contribuição do trabalho das mulheres. Os SAFEs são uma alternativa ao sistema agroalimentar hegemônico e fornecem alimentos de qualidade superior, com atributos diferenciados, comercializados por cadeias curtas e que refletem a cultura alimentar de uma região. Neste contexto, a participação das mulheres está muito ligada ao consumo e produção sustentáveis e saudáveis. Apesar da grande importância do trabalho que as agricultoras desempenham, seus esforços frequentemente são invisibilizados pela estrutura social que considera suas atividades como "reprodutivas", por não gerarem valor monetário. Diante deste cenário a pesquisa questiona: quanto é o valor agregado alimentar das agroindústrias familiares ecológicas da Região Sudoeste do Paraná e qual a atuação das mulheres agricultoras nesse processo? O objetivo geral é investigar os processos de agregação de valor alimentar nas agroindústrias familiares ecológicas da Região Sudoeste do Paraná a partir da atuação das mulheres agricultoras. Já os objetivos específicos são: a) Mensurar o valor agregado dos alimentos ecológicos fabricados em agroindústrias familiares de diferentes cadeias de produção e comercialização; b) Analisar a trajetória das mulheres na constituição das agroindústrias familiares ecológicas; c) Averiguar a atuação das mulheres nos processos de agregação de valor aos alimentos ecológicos das agroindústrias familiares; e d) Verificar se as atividades das mulheres agricultoras, nas agroindústrias familiares de alimentos ecológicos, contribuem para a transformação dos papéis sociais de gênero e para a sua autonomia. Para a etapa quantitativa utilizou-se o método de avaliação econômica dos sistemas produtivos para aferição da agregação de valor aos alimentos ecológicos e da participação econômica das mulheres neste processo. Já para a etapa qualitativa foi empregado o método de história de vida tópica, para analisar a trajetória das agricultoras na construção dos SAFEs e para verificar se há transformações nos papéis sociais de gênero nas unidades de produção. A pesquisa justifica-se pela lacuna existente na literatura sobre a participação econômica das mulheres na agregação de valor aos alimentos das agroindústrias familiares ecológicas. Os resultados desta pesquisa demonstram que as agroindústrias são uma importante fonte de renda para estas famílias, sendo o valor agregado dos SAFEs, em média, R$ 220 mil por ano. Além disso, constatou-se que as mulheres trabalham mais horas na agroindústria, e que existe grande participação delas na comercialização e em assuntos administrativos, fato que demonstra uma tendência de transformação dos papéis de gênero. Entretanto, a inclusão produtiva das mulheres não diminuiu sua carga de trabalho em atividades domésticas e de cuidado, ocasionando a elas uma dupla jornada. A pesquisa também identificou que as compras públicas têm destaque nos canais de comercialização acessados pelas famílias e que o comércio digital foi incentivado pela pandemia do Covid19, geralmente sendo feito pelas mulheres. Neste sentido, futuras investigações podem analisar a participação das agricultoras na formação e consolidação de mercados, sejam eles digitais ou físicos.