Saúde mental e trabalho: um estudo com agricultores orgânicos no sudoeste do Paraná

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Lorenzzon, Gabriella Suzana
Orientador(a): Teixeira, Edival Sebastião
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Pato Branco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/863
Resumo: A base da pesquisa ora relatada foi construída a partir da importância e do amplo papel social do agricultor familiar para a região sudoeste do Paraná. O objetivo da investigação foi analisar tanto as representações sociais acerca de trabalho e de saúde mental de um grupo de agricultores familiares que cultivam produtos orgânicos, como as relações entre tais representações e eventual aparecimento de sofrimento mental nos sujeitos. Assim, o interesse central da pesquisa foi entender de que forma o contexto sociocultural em que o agricultor familiar está inserido e o modo de organização do trabalho podem influenciar no adoecimento ou na promoção de saúde mental, partindo da visão do próprio trabalhador. Este estudo se caracteriza como qualitativo; sendo que, participaram da pesquisa dezenove agricultores familiares que cultivam produtos orgânicos, residentes na zona rural de Capanema-PR, divididos em doze propriedades diferentes. A primeira fase da pesquisa foi de observação do ambiente de trabalho; em seguida, foram realizadas entrevistas semiestruturadas visando identificar as representações sociais dos agricultores sobre trabalho e sobre saúde mental. A partir das principais referências dos agricultores sobre esses dois temas centrais, os dados foram comparados entre si, visando identificar a possível existência de pontos de convergência. Constatou-se, assim, que as representações sobre trabalho e sobre saúde mental têm muitos elementos em comum, de modo que, para os agricultores pesquisados, saúde implica trabalho e trabalho implica saúde. A investigação realizada permitiu observar também que a lógica de trabalho utilizada pelos sujeitos da pesquisa se distancia do modelo capitalista de produção, fixando a família como centro das decisões e da organização do trabalho, havendo, não obstante, relação entre a produção agrícola e o mercado. Infere-se que o resultado obtido esteja relacionado a algumas particularidades do contexto de vida dos sujeitos desta pesquisa, tais como a garantia da venda da produção, por meio de uma empresa que intermedia a comercialização entre os agricultores e o mercado internacional, o apoio técnico que possuem e a história de vida como determinante na construção de um conceito de trabalho mais voltado ao aspecto físico/material. Por fim, percebe-se que esta pesquisa pode ser considerada como de caráter introdutório, uma vez que há escassez de estudos que relacionem trabalho e saúde mental na realidade de agricultores que cultivam produtos orgânicos. Da mesma forma, estudos comparativos entre os sujeitos aqui pesquisados e outros de regiões diferentes e com práticas produtivas diferentes podem ser relevantes no sentido de identificar formas de trabalho que contribuam para a manutenção e promoção de saúde mental nos trabalhadores.