O passado e o presente: análise da reação estética em Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum
Ano de defesa: | 2019 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Pato Branco |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Letras
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/4826 |
Resumo: | O presente trabalho tem por objetivo analisar a reação estética em Relato de um certo Oriente, isto é, busca-se compreender o efeito emocional a que o leitor é encaminhado durante a leitura dessa obra literária. Segundo Vygotsky (1999) a reação estética se instaura na contradição de emoções internas que se desenvolvem até o ponto culminante, no qual ocorre a fusão desses dois sentimentos opostos em um curto-circuito. Nesse sentido, embasados no método objetivamente-analítico, empreendeu-se a leitura minuciosa da obra, observando quais fatos foram tomados pelo autor para compor a fábula da obra, bem como se analisou o modo como os fatos foram apresentados na linha do tempo, ou seja, o enredo, a fim de perceber como eram organizados os planos emocionais contraditórios e a qual reação estética o leitor é encaminhado. Para tanto, após a sistematização dos dados da obra e da análise funcional da fábula e do enredo, percebeu-se a coexistência de dois planos contraditórios: o plano do encontro com Emilie, marcado pela vontade da narradora inominada em encontrar-se com a mãe adotiva, e o plano do desencontro com Emilie, marcado pelos sucessivos adiamentos e retardos da narração desse fato. Ainda, percebeu-se que a cada um dos planos está associado um estado de ânimo que corresponde à narradora inominada, isto é, ao plano do encontro está associado a inocência/ absolvição da culpa da narradora por quase vinte anos de ausência, enquanto que, ao plano do desencontro está associada a culpa e o fracasso da narradora pela impossibilidade do encontro. Diante dessa contradição, a obra mantém a tensão do leitor elevada e em constante ascensão até o ponto em que se findam todas as possibilidades de encontro físico, e a narradora inominada relembra sobre o telefonema, atribuindo a isso uma última tentativa de Emilie em encontrá-la. Assim, a narradora funde os dois planos contraditórios tanto o sentimento de culpa como o de inocência passam a ser vivenciados pelo leitor em uma complexa descarga de energia psíquica, chamada de curto-circuito ou reação estética. Portanto, a reação estética em Relato de um certo Oriente consiste em manter a contradição emocional por meio do plano do encontro e do desencontro, até o ponto culminante no qual a narradora inominada retoma a ocorrência de um “certo” encontro, e assim na mesma medida o leitor passa a sentir algo que não é apenas culpa ou inocência, mas sim uma paradoxal manifestação de ambos os sentimentos. Nesse sentido, pode-se afirmar que esses sentimentos passam a reverberar na experiência psíquica do leitor estabelecendo relações com as suas culpas e inocências como respostas ao enunciado literário. |