A tecnologia no capitalismo dependente: a superexploração da força de trabalho em Karl Marx e Ruy Mauro Marini

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Teles, Gabriela Caramuru lattes
Orientador(a): Pinto, Geraldo Augusto lattes
Banca de defesa: Amorim, Mário Lopes, Pazello, Ricardo Prestes, Traspadini, Roberta Sperandio, Pinto, Geraldo Augusto
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/2779
Resumo: O presente trabalho se debruça sobre o desenvolvimento tecnológico particular dos países da América Latina. Para tanto faz uso da obra “O Capital” de Karl Marx e de obras selecionadas de Ruy Mauro Marini, referência teórica da Teoria Marxista da Dependência. O objetivo do estudo consiste em formular uma crítica acerca do papel da tecnologia nas economias dependentes da América Latina a partir das categorias de Marx e Marini, no contexto de superexploração da força de trabalho e transferência de capitais. Como justificativa vemos a necessidade de superar as reproduções eurocêntricas sobre desenvolvimento tecnológico e compreender a tecnologia na América Latina sob o crivo do materialismo histórico. A metodologia empregada consiste na revisão bibliográfica, análise teórico reflexiva e aproximação da realidade das categorias selecionadas. Para Marini, com as trocas desiguais, a importação de tecnologia e dívida pública verificamos uma brutal transferência de valor a partir da América Latina que como política de compensação das perdas por transferência, a estratégia de superexploração da força de trabalho é largamente empregada - intensificação do trabalho, extensão da jornada e pagamento abaixo do valor de reprodução. Com mercados reduzidos pelos baixos salários, presenciamos um divórcio entre a produção e a realização de mercadorias, de modo que as mercadorias produzidas pelos países dependentes são consumidas majoritariamente pelos países centrais. Assim se agrava a divisão internacional do trabalho, onde os países da América Latina produzem matérias-primas baratas para a exportação e os países centrais tem na industrialização seu eixo produtivo. O caráter particular da exploração da força de trabalho na América Latina denuncia o subdesenvolvimento como um estado permanente de exploração dos países dependentes pelos países centrais, apresentando, inclusive, dependência interna entre os países dependentes. Dessa maneira, conforme Marini, verificamos a consolidação de etapas de produção mais complexas no centro e menos complexas nos países dependentes. Assim, o desenvolvimento tecnológico da América Latina se encontra limitado nos marcos dos países centrais, com: industrialização pautada na produção de bens de capital de centro; importação de pacotes tecnológicos obsoletos para amortizar a maquinaria descartada no centro pela concorrência; uso de força de trabalho superexplorada ainda que com o uso de maquinaria; desenvolvimento tecnológico não generalizado, mas restrito a ilhas de produção; não barateamento das mercadorias consumidas pelos trabalhadores; superexploração como movimento para competir com ilhas de tecnologias mais produtivas; ou ainda, a dependência do capital internacional para investimentos. A dissertação defende que, para Marini, o desenvolvimento tecnológico na América Latina não significou aumento de produtividade com bens salários, e consequente melhora na qualidade de vida dos trabalhadores. Mas, em sentido oposto, agrega-se como mais um elemento na superexploração da força de trabalho, levando à intensificação do trabalho como movimento de concorrência com os isolados ramos mais produtivos.