Influências teóricas e políticas nas práticas educativas da rede ecovida de agroecologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Nunes, Sidemar Presotto
Orientador(a): Floriani, Dimas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Paraná
Dois Vizinhos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/285
Resumo: A Rede Ecovida de Agroecologia se define como parte do “movimento agroecológico” brasileiro e latino-americano. Foi constituída oficialmente em 1998, como tentativa de se contrapor a alguns aspectos da instrução normativa da agricultura orgânica, mas sua origem remonta à ação prática da Igreja Católica através da Teologia da Libertação, a partir dos anos 70; da aproximação com o marxismo – em grande parte através da referida teologia – e do surgimento de um movimento ambientalista que se desenvolveu no âmbito de algumas universidades brasileiras. Diante do avanço da modernização da agricultura brasileira, as ONGs que mais tarde contribuíram com a constituição da Rede Ecovida, colocavam-se, em sua maioria, como assessoria aos movimentos sociais do campo no que se refere ao desenvolvimento de tecnologias que se apresentavam como alternativas ao processo hegemônico, além de contribuir com a organização política dos agricultores através da “educação popular”. As mudanças ocorridas no cenário econômico e político, destacadamente a mundialização do capital e a queda do socialismo, promoveu também profundas mudanças nas concepções e na prática política e educativa dos movimentos sociais do campo, embora de formas distintas. Com a autonomização dos movimentos sociais do campo, através da especialização destes em função de temas mais específicos (sindicalismo, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Movimento dos Atingidos por Barragens etc.), as referidas ONGs desenvolvem também certo grau de autonomia em relação aos movimentos e continuam a se contrapor ao “modelo de desenvolvimento da agricultura”, ao mesmo tempo em que propõem a organização de agricultores ecológicos, bem como de consumidores, através de uma nova forma organizativa (grupos de agricultores, conselhos de ética, núcleos etc.) que mantém a proposta de educação popular desenvolvida no período anterior, mas também incorpora as concepções que passam a ser assumidas pelo ambientalismo neste novo período. Como se propõe que a agroecologia também seja um processo educativo, articulado aos projetos de mudança social, cabe perguntar, no sentido de compreender suas contradições, quais são as bases teóricas e políticas desta proposta adotada pela Rede Ecovida e pelo movimento agroecológico. Ou seja, qual é a concepção de homem, sociedade, natureza, realidade, prática educativa, Estado etc. Amparado em pesquisa de campo e bibliográfica, partiu-se do estudo de sete dos vinte e sete núcleos da Rede atualmente existentes, localizados na região Sul do Brasil, bem como da inserção na Articulação Nacional de Agroecologia e no Movimento Agroecológico Latino-americano. A partir deste trabalho é possível afirmar que a prática educativa da Rede Ecovida corresponde a uma espécie de “educação popular ecológica” que se apoiou historicamente no “método Paulo Freire” de educação popular e a ele passou associar um conjunto de concepções e autores próprios da agroecologia como base técnica de produção ou daqueles que propuseram sua articulação com uma prática política. Mudanças no contexto histórico alteraram o sujeito político da educação da Rede Ecovida, o que a obriga revisar seu projeto histórico.