As relações de trabalho e as relações afetivas como veículos de sociabilidade do indivíduo, na obra Alguém para amar a vida inteira, de Roniwalter Jatobá

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Monteiro, Ana Lucia Barbosa lattes
Orientador(a): Fanini, Angela Maria Rubel lattes
Banca de defesa: Fanini, Angela Maria Rubel lattes, Lima Filho, Domingos Leite lattes, Feitosa, Erike Luiz Vieira lattes, Lopes, Marcia dos Santos lattes, Sandrini, Paulo Henrique da Cruz lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/25097
Resumo: Esta tese analisa as relações de trabalho e as relações afetivas como veículos de sociabilidade do indivíduo, na obra Alguém para amar a vida inteira, de Roniwalter Jatobá, cuja produção literária tem se debruçado sobre a vida do trabalhador brasileiro, demonstrando que o universo laboral, embora funesto e árduo, também propicia amor, fraternidade e sociabilidade entre os trabalhadores. A narrativa apresenta personagens trabalhadores, cujas vozes têm foco no mundo do trabalho e nas relações afetivas, no interior da fábrica e nos ambientes e nos ambientes exteriores a ela. As questões relacionadas ao universo do trabalho avultam na obra desse escritor, dando sentido à vida dos personagens. Jatobá tem realizado importantes inserções na ficção contemporânea com temática pouco explorada na literatura brasileira canônica: condições de vida do trabalhador brasileiro migrante. Para Jatobá, a condição humana não deve se situar desvinculada, do ponto de vista social e político, da literatura. Vida e arte estão em constantes relações dialógicas. A pesquisa segue a orientação metodológica da Análise Dialógica do Discurso (ADD), presente em Mikhail Bakhtin e o Círculo, articulando-se discurso literário e vida. Quanto à problematização sobre o universo do trabalho, apoiase, sobretudo, nas reflexões marxistas de Georg Lukács, Ricardo Antunes, Karl Marx e Friedrich Engels, Richard Sennett e André Gorz. No campo da literatura, as reflexões teóricas empreendidas se fundamentam em Alfredo Bosi, Antônio Candido e Bakhtin e o Círculo, vinculando-se literatura e sociedade. Os resultados obtidos apontam que o escritor, literariamente, constrói discursos críticos sobre o universo do trabalho, no conturbado contexto industrial da cidade de São Paulo, no Brasil urbano do século XX. As narrativas retratam uma identidade para o trabalhador brasileiro que é configurada em um cenário de confrontos éticos e luta pela sobrevivência, em que as tensões sociais manifestam severas relações de submissão e autoritarismo no mundo do trabalho. Concorrem, nesse universo, as relações de trabalho e as relações afetivas. Desta forma, o universo laboral, embora funesto e árduo, também propicia amor, sociabilidade e fraternidade entre os trabalhadores, possibilitando a educação sentimental das personagens, implicando, em certos momentos, redenção do caráter, como foi o caso do protagonista Jacinto, que mesmo imergido no amargo mundo do trabalho, após o intenso confronto ético, foi habilmente capaz de envolver-se por um sentimento puro, singelo e bonito, como o amor. Esse sentimento fez com que Jacinto quebrasse as amarras e refizesse a narrativa da própria vida, rendendo-se aos encantos de Emília Emiliano, Alguém para Amar a Vida Inteira. Assim, o trabalho opera como um meio a partir do qual o sujeito se constrói social e historicamente no cotidiano laboral, em conflito e em encontro com os pares. Andam a pari passo, a atividade laboral e a reflexão discursiva sobre o trabalho, demonstrando que as personagens não somente trabalham, como também empreendem uma reflexão sobre a vida. Linguagem e trabalho se inter-relacionam no universo literário jatobiano. O discurso literário não é estranho aos eventos do mundo. Há entre a arte e a vida uma corrente comunicativa, uma interlocução viva, mediada por posições axiológicas.