Ocupando latifúndios da comunicação: o contradiscurso do MST à mídia hegemônica
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/3135 |
Resumo: | Esta pesquisa tem o objetivo de analisar e compreender como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mobilizando novas tecnologias informacionais, constrói um contradiscurso ao discurso da mídia hegemônica sobre o próprio Movimento, suas lutas e formas de atuação. Por meio da Análise Dialógica do Discurso, são estudados enunciados do MST em seus perfis nas seguintes redes sociais de comunicação interativa: twitter, facebook e youtube. Interdisciplinar – ao abordar a relação entre linguagem e tecnologia -, esta pesquisa envolve referencial teórico em pelos menos três áreas de conhecimento: Estudos de Linguagens, Comunicação Social e Novas Tecnologias Informacionais/Comunicacionais. Em Estudos de Linguagens, a ancoragem teórica está nos estudos do Círculo de Bakhtin. Além de obras de integrantes do “Círculo” - Bakhtin (2016 [1952-1953], 2015 [1929], 2014 [1924-1970], 2003 [1979] e 1993 [1965]; Bakhtin/Volochínov (2006 [1929]); e Volochínov (2013 [1920-1930] – também comentadores (tais como Faraco, 2009; Amorim, 2006 e 2006; e Brait, 2006, entre outros) estão entre as obras basilares. No campo da Comunicação Social, estão Abramo (2014 [1988) e 1997), Intervozes (2015 e 2011), Kellner (2001) e Lima (2006 e 2004). Por sua vez, em Novas Tecnologia Informacionais/Comunicacionais, buscamos referências sobretudo em Lemos (2008 e 2002), Castells (2013, 2005 [2000] e 2003), Canclini (2007) e Martín-Barbero (2013, 2005 e 2004). Como metodologia fundamental, optou-se pela pesquisa qualitativa interpretativista, mediante estudo de caso. A fim de se obter uma maior compreensão do caso a ser estudado, esta pesquisa lançou mão ainda de outros três recursos metodológicos complementares: entrevista dialógica (foram realizadas duas – com representantes do Setor de Comunicação do MST e com um casal de acampados do Movimento), observação in loco (do trabalho no Setor de Comunicação) e textos oficiais (disponíveis nos canais de comunicação do Movimento na internet) sobre as bandeiras de luta e estratégias de atuação do MST. Para a geração dos dados, foram identificadas três cadeias enunciativas, isto é, conjuntos de enunciados relacionados a três fatos ou temas motivadores de enunciação do Movimento. Essas cadeias enunciativas são: i) uma constituída de enunciados produzidos a partir de um evento disparador (no caso, a invasão da Escola Nacional Florestan Fernandes, em novembro de 2016, por agentes policiais); ii) outra formada por enunciações em que o MST tematiza, de modo explícito e crítico, a atuação da mídia empresarial hegemônica; iii) e uma terceira constituída de enunciações em que o MST discursa sobre a vida social (falando de si, de suas lutas, seu modus operandi, e nesse dizer se opõe à mídia hegemônica. Dessas cadeias enunciativas, foram recortados um total de 218 postagens. Constatou-se que, sim, o MST se utiliza das novas tecnologias informacionais/comunicacionais para construir narrativas e discursos de oposição àquele da mídia hegemônica. E que, entre as regularidades constatadas na análise, destacam-se o enquadramento de discursos de outrem, para a construção do próprio; relações dialógicas com interlocutores no mesmo campo político ideológico; a ocorrência da palavra slogan, isto é, expressões que o MST adota que passam a circular e são assumidas por interlocutores do auditório social da arena discursiva da qual o Movimento é partícipe; e o vocabulário da praça pública migrado para o ciberespaço. |