O bom e o mau aluno: representações sociais de professores de ensino fundamental sobre sucesso e sobre fracasso escolar

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Zangrande, Helen Junara Balbinotti
• Orientador(a): Teixeira, Edival Sebastião
• Banca de defesa: Teixeira, Edival Sebastião , Peloso, Franciele Clara , Dias, Maria Sara de Lima
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Pato Branco
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Fracasso escolar; Motivação na educação; Rendimento escolar; Representações sociais; School failure; Motivation in education; Academic achievement; Social representations
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL
• Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/24860

A temática do suposto fracasso e suposto sucesso escolar é recorrente no contexto educacional brasileiro. A presente pesquisa foi realizada na Rede Municipal de Educação de Dois Vizinhos, Paraná, onde profissionais de Psicologia e Psicopedagogia, que realizam avaliações, afirmam haver um padrão de queixas nos encaminhamentos que recebem. Em geral, esse padrão aponta para dificuldades de aprendizagem, defasagem escolar, atraso no desenvolvimento e problemas comportamentais das crianças, apontando para o que se denomina genericamente como fracasso escolar. O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar as formas pelas quais os professores do Ensino Fundamental I dessa rede municipal representam socialmente o fracasso escolar e sucesso escolar. Os participantes da pesquisa foram 27 professores, de ambos os sexos, com no mínimo 5 anos de experiência docente. Para a coleta de dados, foram realizados 3 procedimentos: técnica de evocação livre de palavras; técnica de substituição, visando captar a zona muda das representações sociais, e entrevistas semiestruturadas. Os dados obtidos pelos 2 primeiros procedimentos foram tratados segundo as orientações para a identificação do núcleo central das representações sociais. Os dados obtidos pela entrevista foram examinados mediante o emprego da Análise de Conteúdo. Os resultados obtidos indicam que o elemento central das representações sociais sobre fracasso escolar, para os pesquisados, gira em torno da família, do professor e do sistema educacional como um todo. Os professores acreditam que há uma forte associação entre a não participação dos pais na vida escolar de seus filhos e o fracasso escolar. Já com relação ao docente, foram apontadas a ligação entre a falta de preparo e comprometimento, a metodologia e a desmotivação com o fracasso dos estudantes. Na zona muda destas representações, os fatores emocionais do aluno foram tidos influenciadores do fracasso escolar, resultados diferentes dos obtidos pelas outras técnicas utilizadas na pesquisa, nas quais as atitudes e comportamentos do estudante foram tidos como mais importantes. Quanto às representações de sucesso escolar, foi observado que o aluno, a família e o professor são percebidos como os maiores responsáveis pelo sucesso. Nessas representações, observou-se que se a família atende às expectativas postas, ela se torna corresponsável pela construção do sucesso escolar. Já o papel do professor mostrou-se ser pelo seu método pedagógico, no qual o docente figura como o gestor do processo de obtenção do sucesso. Por conseguinte, nas representações dos professores pesquisados, eles são mais responsáveis pelo sucesso do que pelo fracasso do estudante. Quanto ao aluno, para os participantes, sua contribuição para o sucesso tem a ver com atitudes e comportamentos que facilitariam seu desempenho, sua socialização e a apropriação do conhecimento. Os resultados indicam ainda que as representações obtidas por métodos normativos não foram significativamente diferentes das observadas quando colhidas na zona muda. Por fim, afirmamos que as representações sociais analisadas nesta pesquisa repercutem não fenômenos em si, mas ideias que resultam de formas e normas criadas na e pela cultura escolar; no e pelos sistemas educacionais que estabelecem padrões impossíveis de serem atingidos, pois, de fato, não há lugar para todos no mundo como está organizado atualmente, mas também por quem, inconscientemente, mantêm tais representações.