Entre o sofrimento e o (in)cansável movimento: as tensões vivenciadas por concursados-concurseiros à luz da contemporaneidade e da gestão gerencialista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rocha, Bianca Gomes Lima da lattes
Orientador(a): Tonon, Leonardo lattes
Banca de defesa: Tonon, Leonardo lattes, Pezarico, Giovanna lattes, Oliveira, Josiane Silva de lattes, Nascimento, Thiago Cavalcante lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Administração
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/4568
Resumo: A lógica capitalista tem acentuado o consumo e cada vez mais os desejos são majorados e a idealização por melhores posições sociais se evidencia. A gestão gerencialista utiliza-se disso como forma de transformar indivíduos em máquinas capazes de gerar aumento na eficiência e maiores lucros para as empresas. Simultaneamente, aliena, mobiliza e controla o indivíduo. Alguns buscam fugir dessa lógica e encontram certo conforto no serviço público, como concursados, tornando-se estáveis conforme a Lei. Mas a estabilidade, no contexto efêmero e fluido do mundo contemporâneo, é violação ao movimento, à liquidez, à ruptura do status quo, acabando por desvelar-se em um imaginário social predestinado à insatisfação. É nesse contexto que muitos funcionários e servidores públicos concursados recomeçam seus estudos para concurso em busca de novas aprovações, que possam satisfazer gradativamente seus desejos. Revela-se aí a instabilidade do estável como um possível fenômeno a ser analisado, ancorado no contexto da sociedade contemporânea - ébria de instabilidade, consumo, liquidez e características ideológicas oriundas dos processos de gestão. Nesse sentido, a presente pesquisa, numa perspectiva rizomática, utiliza a metodologia cartográfica como forma de acompanhar a processualidade do contexto que se insere, visando identificar as tensões capazes de gerar o desejo incansável do concursado-concurseiro por novas aprovações. No período de 2018, segundo semestre, e 2019, primeiro semestre, utilizamos as redes sociais como ferramenta para análise do contexto e alcance dos sujeitos, acompanhando discussões e instigando debates. Em um segundo momento, seguimos as investigações, por meio da divulgação de questionário qualitativo, no Facebook e no Whatsapp, com perguntas que exploravam os achados colhidos no campo em estudo. Como forma de aprofundar as linhas da cartografia, utilizamos a técnica de nuvem de palavras para auxiliar a análise dos dados obtidos por meio das quarenta e quatro respostas dadas por concursados-concurseiros. Os resultados demonstraram que a estabilidade é o principal motivo para ingresso e permanência no serviço público. Além disso, revelaram que a busca por novas aprovações, coerentes com os elementos ideológicos da gestão gerencialista, está relacionada com a necessidade de satisfação financeira (aumento da remuneração, do consumo e da possibilidade de ajudar a família); profissional (carreira “dos sonhos”, cargo coerente com a formação acadêmica); e pessoal (mais tempo para lazer, família, viagens). A instabilidade dos estáveis é desvelada, dessa forma, no decorrer do percurso cartográfico. Os dados apontaram que os concursados-concurseiros reconhecem as diferenças entre as vantagens existentes na iniciativa pública e privada. Porém, apenas poucos pediriam exoneração caso recebessem o que julgam ser uma boa proposta de emprego privado. Entre as causas apontadas para justificar esse baixo índice, estão a insegurança e instabilidade no cenário político e econômico contemporâneo e os efeitos gerados pela gestão gerencialista.