Desenvolvimento social de macacos-prego (Sapajus libidinosus) selvagens de 0 a 3 anos de idade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Franco-Rogelio, Marie-Caroline
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-28052021-133823/
Resumo: Em espécies sociais, o desenvolvimento social é um aspecto fundamental da maturação do indivíduo para aprender a se comportar num espaço social existente e estruturado. A estrutura social de sociedade animais refere-se às propriedades emergentes da rede das relações interindividuais estabelecidas entre os membros de um grupo e de como elas se padronizam. Uma ferramenta poderosa para estudar essas propriedades emergentes é a análise de rede social (SNA). Se a literatura apresenta bastante trabalhos sobre rede social de primatas, o desenvolvimento das propriedades das relações interindividuais do imaturo precisa ainda ser investigado. O macaco-prego tem um período de imaturidade longo e uma estrutura social complexa, tornando-o adequado para tal estudo. Ainda poucos trabalhos sobre esse período de desenvolvimento foram feitos com macaco-prego selvagens, somente em cativeiro ou semi-cativeiro. O objetivo desse trabalho foi, então, estudar o desenvolvimento da rede social de filhotes de macacos-prego de uma população selvagem da espécie Sapajus libidinosus, através de SNA, e testar a hipótese de que o desenvolvimento social obedecerá ao processo de aquisição de independência em relação aos cuidados da mãe. Para isso, coletamos dados de associação espacial dos três primeiros anos de vida de oito imaturos a partir da transcrição de vídeos obtidos em campo. Estes dados foram usados para construir uma rede egocêntrica, para cada mês de vida de cada imaturo, baseada numa matriz seguindo o índice de associação simples. Observamos e comparamos as mudanças das características dessas redes ao longo dos três primeiros anos de vida. Mostramos que mais da metade do grupo esteve presente na rede egocêntrica no primeiro ano do infante e que o tamanho da rede diminuiu até um terço dos indivíduos no final do terceiro ano do juvenil. Houve poucas associações entre esses indivíduos presentes na rede do ego em todos os três anos de vida do imaturo. A mãe exerceu uma influência significativa sobre a frequência na qual o infante se associou com outros indivíduos somente nos seis primeiros meses de vida. Os indivíduos se associam preferencialmente entre indivíduos de mesma matrilínea nos dois primeiros meses de vida do infante. Sugerimos que certas medidas de rede, como a densidade ou a modularidade, não são necessariamente pertinentes para estudar o desenvolvimento social de S. libidinosus. Nossos resultados mostraram que o desenvolvimento social de uma espécie de macaco-prego, em habitat natural, não reflete perfeitamente a maturação e a aquisição da independência em relação aos cuidados da mãe