O método Kumon para remediação cognitiva de portadores de esquizofrenia: um ensaio clínico randomizado, controlado com placebo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Romão, Marisa Martin Crivelaro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-14082013-103427/
Resumo: Introdução: Déficits cognitivos são parte integrante do quadro clinico da esquizofrenia. Vários estudos procuram métodos de treinamento cognitivo (remediação cognitiva) para melhora destes déficits, pouco responsivos ao tratamento medicamentoso. Ensaios clínicos de treinamento de remediação cognitiva utilizam diversas técnicas, com estimulação de vários domínios cognitivos simultaneamente. Muitos deles utilizam a técnica de errorless learning (aprendizagem sem erros). Pesquisas recentes indicam que alguns domínios cognitivos subjacentes à aprendizagem matemática (atenção, função executiva e memória de trabalho) estão também comprometidos na esquizofrenia. Entretanto não foram encontrados estudos de remediação cognitiva focados no treinamento aritmético em portadores de esquizofrenia. O método de cálculos aritméticos proposto pelo método Kumon utiliza técnica de aprendizagem sem erros e é amplamente utilizado como reforço pedagógico. Dois ensaios randomizados de remediação cognitiva através do método de cálculo aritmético Kumon em idosos sadios e em idosos com Alzheimer mostraram melhora de funções cognitivas com esta intervenção. Este estudo avaliou a eficácia do método de cálculos aritméticos Kumon como remediação cognitiva da memória de trabalho, função executiva e atenção na população com esquizofrenia. Método: 51 sujeitos com o diagnóstico de esquizofrenia (DSM-IV), de ambos os gêneros, idade entre 18 e 55 anos, alfabetizados foram incluídos e randomizados para treinamento de cálculos aritméticos pelo método Kumon (grupo experimental) ou atividades de recreação (grupo controle). Os sujeitos fizeram 48 sessões de intervenção ao longo de 6 meses. Os sujeitos foram avaliados através de uma bateria neuropsicológica, o desfecho clínico através da escala Escala de Síndromes Positiva e Negativa (PANSS) e funcionamento pessoal e social através da PSP no inicio da intervenção, após 6 meses (término da intervenção) e após 6 meses sem a intervenção. Resultados: O grupo experimental apresentou tendência de melhora em atenção sustentada (p=0.075), mas sem manutenção dos ganhos após 6 meses sem intervenção. Ambos os grupos apresentaram melhora em atenção seletiva e função executiva após 6 meses sem manutenção dos ganhos após 1 ano, sem diferenças entre os grupos. Não foram encontradas diferenças no funcionamento social entre os dois grupos e ao longo dos 12 meses de acompanhamento. Através da análise fatorial da PANSS utilizando 5 fatores (proposto por Van der Gaag 2006) não houve mudança significativa nos fatores ,,positivo\", ,,negativo\", ,,desorganização\" e ,,estresse emocional\" ao longo do tempo e entre os grupos. Apenas o grupo placebo demonstrou melhora significativa no fator \"excitação\" após 6 meses em comparação com o grupo experimental, que não persistiu após 6 meses sem intervenção. Conclusão: O treino cognitivo aritmético pelo método Kumon tende a melhorar a atenção sustentada após 6 meses, sem impacto na função executiva e na memória de trabalho. Esta tendência não se manteve após 6 meses sem intervenção