Resumo: |
O universo de pesquisa desta tese versa sobre o fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes, que se apresenta como um problema de saúde pública e social cada vez mais evidente em nossa sociedade, fazendo parte da questão social e revelando formas de dominação, opressão e que desencadeiam conflitos. Como um fenômeno complexo, polissêmico e controverso, a violência surge na sociedade por meio de ações que se interligam, interagem e se fortalecem. Embora o conhecimento científico sobre esse fenômeno tenha evoluído consideravelmente nas últimas décadas, concepções equivocadas a seu respeito ainda são comuns, não somente entre a população, mas também entre profissionais que trabalham com as vítimas. O estudo buscou compreender a percepção de profissionais atuantes nos CREASs, sobre a operacionalização da rede de serviços e atendimentos às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. O estudo apoiou-se no paradigma da complexidade de Edgar Morin. Trata-se de um estudo qualitativo desenvolvido com 13 profissionais, a coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada e com a construção dos Mapas Mínimos de Rede Social Institucional, no período de julho a dezembro de 2021. A análise dos dados foi guiada pela contextualização, não sendo um amálgama ou uma colagem de conhecimentos de diferentes áreas, mas um olhar transdisciplinar para determinado fenômeno, a fim de compreendê-lo, considerando sua multidimensionalidade. A compreensão pode ser percebida em como apreender o significado de um objeto ou de um acontecimento, é vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimentos. A partir da análise dos dados, foram identificadas as seguintes categorias (i) Desesperança na responsividade da rede e os nós provocados pela falta de comunicação, a categoria aponta definições quanto à sistematização e operacionalidade da rede protetiva às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, e traz a compreensão da funcionalidade dos serviços prestados às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual; (ii) Barreiras familiares ao enfrentamento da violência sexual, esta coloca a violência sexual no contexto da família como uma desorganização sem saída. O resultado desta pesquisa demonstra que é imprescindível uma reflexão crítica e reflexiva sobre a rede protetiva às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, pois constatamos uma rede mediana, frágil e com lacunas, com falta de acessibilidade aos serviços, a família passando por diferentes segmentos que denotaram desorganização, falta de orientações básicas e necessárias as famílias, limitações dos serviços de saúde mental no município, falta de profissionais, bem como outros serviços que denotaram fragilidade e dificuldades. É urgente e necessário incorporar saberes, conexão e comunicação junto à rede, para que ocorram de fato à proteção integral às vítimas. |
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