Aspergilose pulmonar crônica: características clínicas, diagnóstico, tratamento e desafios

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Oliveira, Vitor Falcão de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-03122024-151328/
Resumo: A aspergilose pulmonar crônica (APC) é uma infecção fúngica grave que se apresenta clinicamente como uma doença pulmonar progressiva e crônica. Entre as formas de aspergilose pulmonar, a APC é o espectro mais negligenciado, com várias lacunas no conhecimento, por exemplo, a descrição das comorbidades pulmonares mais prevalentes no Brasil associadas ao desenvolvimento de APC. Ademais, o diagnóstico ainda é um desafio, uma vez que os testes mais sensíveis estão menos disponíveis, além da inerente dificuldade em se determinar o ponto de corte para biomarcadores, como galactomanana (GM). Desse modo, os objetivos deste estudo foram avaliar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes com APC, o desempenho das diferentes técnicas utilizadas no diagnóstico, compará-las entre as diferentes formas clínicas e caracterizar melhor os desfechos dos tratamentos antifúngicos e cirúrgicos. Métodos: durante a execução deste trabalho, foram desenvolvidos estudos com diferentes abordagens sobre APC. Para melhor visualização e compreensão, os artigos publicados foram apresentados em capítulos. Diante disso, os métodos e resultados estão descritos em cada capítulo. Foi realizado um estudo retrospectivo, com revisão de prontuários médicos de pacientes com diagnóstico de APC de janeiro de 2010 a junho de 2021, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Além disso, realizamos uma revisão sistemática e meta-análise para estimar o ponto de corte ideal e a área sob a curva de GM em amostras de soro e lavado broncoalveolar (LBA). Resultados: foram avaliados 91 participantes, sendo 43 (47,3%) pacientes submetidos à cirurgia e 69 (75,8%) à terapia antifúngica. Os tratamentos utilizados foram itraconazol (n=58, 84,1%) ou voriconazol (n=11, 15,9%). A doença pulmonar de base mais comum foi a tuberculose pulmonar (n=70, 76,9%). A letalidade em um ano foi baixa (n=3, 3,3%). Ademais, a GM no LBA (73%, 11/15), a sorologia por teste de imunodifusão (81%, 61/75) e a histologia (78%, 39/50) tiveram a melhor sensibilidade. Foram incluídos nove estudos de 1999 a 2021 para a realização da revisão sistemática. O ponto de corte ideal de GM sérica foi de 0,96 (sensibilidade = 0,29, especificidade = 0,88 e AUC = 0,529), enquanto a GM no LBA apresentou ponto de corte de 0,67 (sensibilidade = 0,68, especificidade = 0,84 e AUC = 0,814). Por fim, avaliamos em 28 pacientes as concentrações séricas iniciais de itraconazol, após a administração de cápsula oral de itraconazol para o tratamento de APC. Apenas 11% (n=3) apresentaram concentrações séricas adequadas, com base nas recomendações. Todos os pacientes com piora clínica apresentavam níveis séricos de itraconazol 0,8 mg/L. Conclusão: APC apresenta inúmeros desafios no seu manejo, especialmente nos países de média/baixa renda. Entre esses desafios, destacam-se: a semelhança clínico-radiológica com tuberculose pulmonar e a necessidade de disponibilidade de testes diagnósticos com maior sensibilidade e especificidade, bem como monitoramento do nível sérico das drogas no tratamento