A  dialética da construção destrutiva na consagração do patrimônio mundial: o caso de Diamantina (MG)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Costa, Everaldo Batista da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-05022009-150209/
Resumo: Esta Dissertação cuja elaboração está focada em uma perspectiva histórico-dialética tem por objetivo analisar o processo de consagração do Patrimônio Cultural da Humanidade [UNESCO] e o Programa Monumenta [Municípios / Governo Federal / BID] a fim de identificar, em Diamantina cidade histórica do sertão mineiro através de uma análise crítica, como o par dialético preservação / mercantilização produz o espaço urbano em tela e como transforma a realidade e o imaginário do residente. Denominamos essa contradição como dialética da construção destrutiva, que envolve os bens culturais do mundo, na contemporaneidade. Esta dialética estabelece-se no próprio percurso de consagração do Patrimônio Mundial, quando temos, por um lado, a UNESCO, que luta pela preservação inconteste dos bens culturais e naturais do mundo, em contraposição à tendência contemporânea de mercantilização, banalização e destruição dos espaços da história, da memória, da cultura, da natureza e da vida, quando da implantação de um turismo negligente com a sociedade e com o lugar. Dialética da construção destrutiva que rebate sobre o espaço urbano, a cidade histórica viva enquanto totalidade, ao ser reconhecida, simultaneamente, como símbolo de cultura e de mercadoria. Assumimos uma postura crítica frente a simultaneidade da preservação e da mercantilização do patrimônio um processo contraditório dada a preponderância do caráter estético, fetichista, classista e de cenarização na apropriação das cidades históricas e na refuncionalização dos bens culturais, em detrimento ao seu valor de uso civilizatório. Analisamos esta realidade que se evidencia, incipientemente, em Diamantina (Patrimônio Mundial e mercadoria global), sobretudo, com a conquista da chancela da UNESCO e com a implantação do polêmico Programa Monumenta. Veremos que a cidade histórica, ao ser tomada pela indústria cultural por via de um turismo descompromissado com a sociedade e com o lugar, é destituída de sua particularidade no fortalecimento do sentimento de pertencimento ao lugar e na edificação da cidadania. Ante ao frénésie pela Lista do Patrimônio Mundial, que esboça a lógica mercantil que envolve os bens culturais, na atualidade, urge a implementação da gestão participativa dos lugares do patrimônio e o enfoque no planejamento da cidade histórica enquanto totalidade, não focado nos limites do núcleo tombado. Por fim, é no contexto da dialética entre o uso e a troca que se dá na apropriação do espaço urbano, e entre a preservação e a mercantilização do patrimônio cultural que direcionamos esta pesquisa, que identifica a fragmentação articulada propiciada pela dialética da construção destrutiva que impactua o território urbano de Diamantina, no sertão de Minas Gerais.