Estudo dos fatores preditores de envelhecimento sem incapacidade funcional entre os idosos em velhice avançada no município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Francisco, Célia Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-15012007-113953/
Resumo: O envelhecimento é um fenômeno mundial, resultado da diminuição progressiva das taxas de fecundidade e mortalidade e do aumento da expectativa de vida. O grupo de idosos, no Brasil e em países em desenvolvimento, segundo a OMS, é constituído por pessoas a partir dos 60 anos. Dentre desse grupo, a população que mais rapidamente cresce são os denominados idosos em velhice avançada (80 anos e mais) cujas demandas específicas ainda são desconhecidas em nosso meio. O envelhecimento pode ser acompanhado por um declínio funcional progressivo que pode estar associado a quadros de dependência responsáveis por demandas assistenciais específicas. A dependência em si constitui o maior temor dos idosos. Assim, conhecer os fatores preditores do alcance das idades mais longevas com independência funcional torna-se primordial e constitui o objetivo desse estudo que é parte do Estudo SABE - Saúde Bem-estar e Envelhecimento na América Latina e Caribe. Esse estudo, realizado no ano 2000, foi coordenado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e desenvolvido simultaneamente em sete países da dessa região com o objetivo de traçar as condições de vida e saúde dos idosos aí residentes. No Brasil, foi desenvolvido na zona urbana do Município de São Paulo com uma amostra de 2.143 idosos representativa da população residente na região no período. Para o desenvolvimento desse estudo, foi utilizada a parcela dos idosos com 80 anos e mais que foi subdividida segundo seu estado funcional. Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória. Do total dos idosos em velhice avançada, 9,9% eram funcionalmente independentes nas atividades de vida diária, básicas e instrumentais. Desses 66,4% eram mulheres, 33,6% eram homens, 75% eram nascidos no Brasil, 25,6% eram analfabetos e 63,1% estudaram entre 1e 6 anos, 10,1% ainda trabalhavam. Quanto ao estado marital, 71,1% eram viúvos e 26,5 % eram casados; 53,6% viviam sozinhos e a maioria (68,6%) tiveram pais que faleceram com 80 anos ou mais. Com relação a renda 38% se enquadravam no primeiro quintil, no entanto, 44,1% referiram que a renda era suficiente. Quanto aos hábitos de vida, 43,2% praticavam atividade física, 41,6% praticavam atividades de lazer, 70,4% nunca beberam e 68,9% nunca fumaram. Em relação às condições de vida e saúde na infância, 47,7% referiram que saúde e 35,2% boas condições econômicas. Quanto ao estado de saúde atual, 63,5% referiram ter saúde excelente, 43,5% referiram a presença de HAS, 34,7% de DPOC e de 7,3% DM e 95,1% apresentavam capacidade cognitiva preservada. Quanto a assistência à saúde, 81,2% referiam ter procurado por assistência médica nos doze meses anteriores à entrevista sendo que 83,8% referiram uma ou duas consultas. Quanto a história laboral 50,2% trabalharam como empregados e 37,3% como autônomos. Entre as mulheres 50% referiram ter trabalhado porque gostavam e 85% dos homens porque necessitavam. 97,5% deles sentiram-se capacitados para realizar os testes de flexibilidade e mobilidade. Essa variáveis foram submetidas à analise multivariada através da Regressão Logística, utilizando-se um nível de significância (µ = 0,05). As variáveis foram agrupadas em blocos temáticos de interesse, sendo submetidas à analise univariada, mostrando-se significantes diabetes referida, companhia e atividade física. Essas variáveis foram agrupadas e submetidas à análise múltipla de forma a constituir o modelo do estudo. Os testes estatísticos mostraram que a presença da diabetes diminui por um fator de 0.14 vezes o odds para não ter dificuldades nas ABVDs e/ou AIVDS. Viver acompanhado diminui esse risco por um fator de 0.15. Não praticar atividade física diminui os odds para não ter dificuldade de 0.13 vezes. Apesar dos idosos conseguirem chegar na velhice avançada sem incapacidades, o estudo mostrou que poucos são fatores que possam influenciar neste processo. Pode ser porque estes fatores já tenham feito diferença entre os idosos mais “jovens", mas com a idade avançada, os “muito velhos" tendem a igualar estas diferenças