"Caracterização da função dos receptores Fc de imunoglobulinas nas bacteremias"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Silva, Fabiano Pinheiro da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5159/tde-26032006-190940/
Resumo: Sepse é a primeira causa de morte em Unidades de Terapia Intensiva. A gravidade dessa doença é considerada conseqüência de um desequilíbrio da resposta inflamatória e, apesar dos avanços em diagnóstico e tratamento, os índices de mortalidade se mantêm inalterados. O papel dos receptores Fc de immunoglobulinas nesta situação é pouco esclarecido. Tais receptores deflagram respostas imunes opostas, que dependem do receptor envolvido e podem ser tanto ativatórias, quanto inibitórias. As respostas ativatórias são atribuídas a um motivo chamado ITAM, enquanto as inibitórias são relacionadas ao motivo ITIM. Camundongos apresentam dois receptores de IgG ativatórios (FcγRI e FcγRIII), que portam motivos ITAM, associados a uma sub-unidade conhecida como cadeia gamma, assim como um receptor de IgG que apresenta um motivo ITIM na sua porção intra-citoplasmática (FcγRII). Este trabalho teve como objetivo o estudo do papel destes receptores em bacteremias e sepse. Para isso, utilizamos um modelo de peritonite induzida por ligadura e punção cecal. Este projeto descreve pela primeira vez, um papel importante do FcRγII na indução de apoptose em linfócitos B, durante infecção bacteriana severa. Nossos resultados colocaram em evidência, ainda, o fato de que animais deficientes em cadeia gamma apresentam mortalidade diminuída, quando submetidos a esse modelo de peritonite, e que essa diminuição é associada a menores valores de TNFα no soro e nos fluidos peritoneais, menor recrutamento peritoneal de células inflamatórias, assim como a um surpreendente aumento na fagocitose de E. coli. Hemocultura e cultura do lavado peritoneal desses animais revelaram uma flora multimicrobiana, enquanto camundongos selvagens apresentaram uma forte predominância de E. coli e um número total bastante superior de bactérias. Esse papel inibitório da cadeia gamma pode estar relacionado a mecanismos de auto-tolerância. Lisado total de células peritoneais de camundongos deficientes em cadeia gamma apresentam fosforilação aumentada de diversas proteínas, quando comparados a lisados obtidos, a partir de camundongos selvagens. Estudos semelhantes realizados com camundongos transgênicos para o receptor de IgA (FcαRI), entretanto, não demonstraram um papel crucial desse receptor nesta doença. Este trabalho abre, portanto, novas perspectivas para o tratamento de doenças infecciosas, através de intervenção sobre a cadeia gamma e coloca em rediscussão os conceitos atuais de ITAM e ITIM.