Efeito do cloreto de lítio no modelo de Doença de Parkinson por 6-OHDA.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Ana Flavia Tostes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-14012022-232835/
Resumo: Introdução: A doença de Parkinson (DP) é uma afecção neurodegenerativa cujo principal achado é a perda de neurônios dopaminérgicos na região da substância negra (SN) e de suas projeções que atingem o núcleo estriado. Além disso, a DP tem se destacado recentemente por ter sido considerada o distúrbio neurológico que teve o crescimento mais rápido em todo o mundo. Neste contexto surge uma notável preocupação em testar fármacos que apresentam potenciais efeitos neuroprotetores, como por exemplo, o cloreto de lítio (LiCl). O objetivo do atual estudo foi avaliar o efeito do LiCl nos neurônios dopaminérgicos e investigar a influência do tratamento com este composto na expressão da enzima glicogênio sintase quinase-3 beta (GSK-3&beta;) nas regiões da SN e do estriado em um modelo de DP. Métodos: Para indução do modelo de DP, foi administrada a 6-OHDA na concentração de 2 &mu;g/&mu;l dissolvida em uma solução de NaCl 0,9% e ácido ascórbico 0,2%. A injeção da 6-OHDA foi realizada em dois pontos distintos do estriado nas seguintes coordenadas: Ponto 1: A (anterior): +1.0 mm; ML (médio-lateral): 2,0 mm em relação ao bregma e DV (dorso-ventral): 2,9 mm em relação a dura-máter. Ponto 2: P (posterior): - 0,3 mm; ML: 2,3 mm em relação ao bregma e DV: 2,9 mm em relação a dura-máter. O volume total injetado da droga foi de 2 &mu;l. Para o tratamento com LiCl utilizou-se a concentração de 4 mMol (concentração capaz de inibir a enzima GSK-3&beta; em modelos de camundongos), veiculados intraperitoneal por 14 dias. Em seguida, as amostras foram coletadas e avaliou-se a atividade da enzima GSK-3&beta; na SN e no estriado pelas metodologias de imunofluorescência, RT-PCR e immunoblotting. Resultados: Os resultados encontrados são indicativos de que a 6-OHDA promoveu a morte neuronal dopaminérgica na região da SN, evidenciada pela redução na expressão da enzima tirosina hidroxilase (TH) nos animais submetidos a injeção desta neurotoxina, quando comparados aos animais controles. Além disso, os animais que receberam 6-OHDA apresentaram um aumento na expressão gênica de Caspase-3. Contudo, aqui relatamos que a indução de DP não foi sugestiva de que a 6-OHDA exerça um efeito significativo no mRNA da GSK-3&beta; e nem na conformação ativa da enzima GSK-3&beta; (Y216) nas regiões da SN e do núcleo estriado no 15º dia após a lesão. Já em relação ao tratamento com LiCl, tivemos uma redução na expressão de mRNA de AKT e de mRNA GSK-3&beta; nos animais que foram tratados com este composto. Em contrapartida, obtivemos um aumento da expressão de GSK-3&beta; (Y216) que aparenta estar relacionada com a redução de mRNA de TH na SN dos animais que foram tratados com LiCl. Estes resultados são sugestivos de um novo mecanismo pelo qual ocorre a neurotoxidade do LiCl na SN. Análise estatística: análise de variância ANOVA, two-way completamente randomizada, seguida por pós-teste de Bonferroni, realizados no software GraphPad Prism 8.2.1. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. Os resultados são apresentados como média ± erro padrão da média. Conclusão: Nossos dados indicam que a GSK-3&beta; (Y216) está presente nos corpos celulares dos neurônios dopaminérgicos da SN e que nesta região, o aumento da GSK-3&beta; (Y216) apresenta uma correlação com redução de mRNA de TH apenas nos animais tratados com LiCl e não no modelo de DP. Estes resultados são sugestivos de que o tratamento LiCl a longo prazo apresenta um efeito antagônico deletério aos neurônios dopaminérgicos da SN dependente da fosforilação de GSK-3&beta;, desafiando o uso do lítio como estratégia terapêutica para a DP.