Estudo da percepção de risco por parte dos depositantes de bancos: o caso do mercado brasileiro de 1999 a 2006

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Oliveira, Raquel de Freitas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-23082007-102643/
Resumo: A solidez do sistema bancário é fundamental para a estabilidade financeira e econômica, razão por que é preciso desenvolver mecanismos que diminuam a probabilidade de crises. Neste contexto, instituíram-se redes de segurança e exigência de capital para cobertura de exposições a riscos. Na última década, iniciou-se ativamente a discussão sobre o fortalecimento de um mecanismo complementar, denominado disciplina de mercado: a influência que investidores podem exercer sobre os bancos, encorajando-os a comportarem-se consistentemente com sua solvência. O Novo Acordo de Capital de Basiléia inclui a disciplina de mercado em seu Pilar 3, ratificando sua relevância. A literatura sobre a atuação dos investidores como elementos que contribuem para a disciplina das instituições bancárias concentra-se em três mercados de produtos de captação: dos depósitos, dos títulos em geral e do interbancário. O objetivo desta tese é investigar empiricamente se o depositante brasileiro não segurado pelo Fundo Garantidor de Crédito responde a variações do risco a que os bancos estão expostos. Esta verificação pioneira no Brasil é a principal contribuição do trabalho. A amostra compõe-se de dados de 54 bancos, observados entre 1999 e 2006. A hipótese de existência de disciplina de mercado é testada estimando-se modelos econométricos que associam taxas de juros e variações de quantidade dos depósitos a variáveis indicadoras de risco das instituições, abrangendo as perspectivas de rentabilidade, liquidez, adequação de capital à estrutura de riscos e qualidade dos ativos e da administração. Os parâmetros dos modelos foram estimados utilizando-se diferentes métodos: mínimos quadrados ordinário, efeitos aleatórios, efeitos fixos e método generalizado dos momentos sistêmicos (GMM Sistêmico). As análises de diagnóstico destacaram este último como o mais adequado, face à necessidade de controle dos problemas de endogeneidade dos regressores. Os dados mostram algumas evidências favoráveis à hipótese de existência de disciplina do depositante no Brasil. Verifica-se uma associação entre o aumento do risco, medido por indicadores da qualidade de administração e da adequação de capital, e uma variação negativa dos volumes de depósitos. Todavia, o sinal negativo e significante do coeficiente da variável indicadora de liquidez não permite confirmar de maneira inequívoca a presença da disciplina de mercado. Encontra-se também uma relação entre taxas de juros mais altas e um aumento de risco, identificado pela variável indicadora da qualidade dos ativos. Porém, observa-se um relacionamento negativo e significante entre a taxa de juros e a variável de tamanho do banco, o que pode significar uma percepção, pelos depositantes, de políticas voltadas para a preservação dos bancos de maior porte. Adicionalmente, há indícios de que os depositantes de bancos privados têm uma atuação disciplinadora mais intensa, enquanto aqueles que destinam seus recursos aos bancos públicos são mais sensíveis ao tamanho do banco. A conjugação dos resultados sugere a necessidade de criar-se uma estrutura para a expansão da disciplina dos depositantes no Brasil. É preciso melhorar a transparência e a divulgação de informações sobre a situação financeira dos bancos e desestimular a aparente confiança no salvamento de bancos grandes e/ou públicos.