Quando até as paredes cantam: o som como experiência na obra de Jerzy Grotowski

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Jesus, Luciano Mendes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27158/tde-10032017-163729/
Resumo: Esta pesquisa investiga o elemento sonoro-musical como criador de experiências estéticas, sensoriais, mnemônicas e afetivas dentro do pensamento e prática do diretor, pesquisador e professor polonês Jerzy Grotowski, no âmbito da evolução de sua obra no domínio das artes performativas. Este estudo, que parte da observação historiográfica, comparativa e crítica do fenômeno sonoro-musical na obra do artista, visa realizar um mapeamento das diferentes fases artísticas do diretor, que compreendem uma curva de 42 anos, indo do período da Arte como Apresentação ao da Arte como Veículo, e das diferentes conotações que este elemento teve em sua trajetória de criação e pesquisa. O trabalho também observa as diferentes apropriações do elemento sonoro-musical pelos últimos colaboradores do diretor, concentrando maior atenção às atividades atuais desenvolvidas nesse território por Thomas Richards e Mario Biagini, diretores do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards. Esta fase é investigada em relação ao desenvolvimento da importância dada às questões sonológicas dentro deste centro internacional de pesquisa e criação, que tem no trabalho criativo sobre os cantos de tradição afro-diaspóricos do continente americano o seu ferramental básico, explorando-se suas propriedades geradoras de comportamento orgânico em performance. A pesquisa é realizada através de estudos de textos escritos à cerca do tema pelo próprio diretor, seus diversos parceiros e estudiosos da sua obra, além de realizar pontes com a produção musical experimental contemporânea. Também conta com a análise de espetáculos, tanto em suporte audiovisual, quanto a partir do meu contato direto com a produção atual. Nesse último aspecto a pesquisa também está relacionada à noção de autoetnografia, sendo orientada por reflexões sobre a minha experiência na condição de performer na equipe do Open Program, um dos grupos de trabalho que integram o Workcenter, entre os anos de 2013 e 2015. Além disso, esta noção autoetnográfica se dá com a recriação do meu ponto de escuta sobre a obra de Grotowski. Com esse referencial a pesquisa busca compreender como se dá a construção do encontro experiencial entre o atorsonante e o espectador-ouvinte, partindo da criação de uma presença organizada, transmitida e percebida através do fenômeno sonoro (cantos, instrumentos e outros recursos), suas estruturações (vibratórias, melódicas, harmônicas, rítmicas e timbrísticas) e suas manifestações e nuances na corrente das artes performativas, conforme a visão grotowskiana: entre o polo da arte como veículo e o da arte como apresentação.