Novos ligantes peptídicos das oncoproteínas E6 e E7 de HPV 16: descoberta e aplicações no desenvolvimento de terapias para tumores induzidos por HPV

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Luchiari, Heloise Ranucci
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HPV
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/46/46131/tde-07112023-151115/
Resumo: O papilomavírus humano (HPV) é responsável por aproximadamente 700 mil novos casos de câncer anualmente, além de muitas infecções assintomáticas que podem progredir para lesões benignas, pré-malignas e malignas. Apesar da alta eficácia da vacina profilática em prevenir a infecção, ela não possui efeito terapêutico e, até o momento, não existem fármacos específicos para o tratamento de indivíduos infectados pelo HPV. As oncoproteínas E6 e E7, codificadas a partir do genoma viral, são capazes de se ligar a diversos alvos celulares e são essenciais para a transformação e manutenção do fenótipo maligno na carcinogênese mediada pelo HPV. Sabe-se que estas proteínas não possuem similaridade com proteínas celulares e que seu silenciamento leva as células infectadas à apoptose, tornando-as alvos promissores para o desenvolvimento de novas terapias. Assim, o objetivo do presente trabalho foi identificar ligantes peptídicos das oncoproteínas E6 e E7 de HPV 16, o tipo viral mais prevalente nos tumores, que pudessem ser utilizados para o desenvolvimento de tratamentos específicos para a tumorigênese e infecção por HPV. Utilizando a tecnologia de phage display e bibliotecas construídas em nosso laboratório, foram encontradas sequências peptídicas inéditas que reconhecem E6 e E7. Os peptídeos selecionados contra a E6 mostraram-se altamente específicos e compartilharam um motivo central com características físico-químicas semelhantes, composto por resíduos ácidos flanqueados por resíduos hidrofóbicos. A ligação dos peptídeos ao bolso hidrofóbico da E6, reconhecido por diversos alvos celulares desta oncoproteína, foi validado por abordagens experimentais e análises in silico. Os peptídeos sintéticos foram testados em linhagens celulares de tumores HPV-positivos, mas não demonstraram capacidade de internalização ou efeito sobre a viabilidade celular. A ligação peptídeo-oncoproteína foi então utilizada para o desenvolvimento de um ensaio de varredura de banco de pequenos compostos, resultando em dois compostos com atividade sobre a viabilidade celular de linhagens tumorais HPV-positivas. Estes compostos podem ser otimizados para o desenvolvimento de inibidores de E6, além do próprio ensaio poder ser utilizado como base para a varredura de outros bancos de compostos. Ademais, as análises de docking e as simulações de dinâmica molecular evidenciaram novas interações entre o peptídeo identificado neste estudo e a E6, fornecendo ferramentas para o desenho racional de inibidores da oncoproteína. Estes achados contribuirão para a evolução do tratamento, visando beneficiar os milhares de pacientes que sofrem com lesões e tumores induzidos pela infecção por HPV.