\'Para que minha vida não corra em debalde\': (des)venturas familiares e suas estratégias de bem viver nos sertões meridionais paulistas (Curitiba, séculos XVII e XVIII)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Stanczyk Filho, Milton
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-03022023-200300/
Resumo: Seria o conceito de estratégia apenas uma maneira enfática de fazer referência a motivações pessoais de indivíduos de um tempo pretérito, combinadas com restrições definidas pelo ambiente, talvez econômicas, talvez demográficas? É possível evidenciar empiricamente que atores sociais traçavam determinados planos, a longo prazo e de forma consciente, e que eram reconhecidos e aceitos por seus pares? O conceito dá conta de distinguir entre os sujeitos que os elabora daqueles que são por eles afetados? Esta pesquisa tem por objetivo averiguar a possibilidade de utilização desse arcabouço conceitual para que possamos redescobrir - por meio do paradigma do curso de vida - os arranjos familiares, as decisões a curto e longo prazo e a antecipação do porvir por parte de indivíduos que tiveram suas escolhas alicerçadas nas franjas meridionais da América portuguesa colonial, na passagem do seiscentos para o setecentos. Buscase compreender como, nos sertões meridionais paulistas, mais especificamente na vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba, a sociedade resolvia os impasses entre a posse de terra, prestígio social e formação de cabedal, atentando, neste processo, para o papel das alianças familiares nos mecanismos de inclusão e exclusão social. Valendo-se dos registros e compra e venda de terras, de testamentos e inventários postmortem, das cartas de sesmarias, dos assentos paroquiais de batismo, casamento e óbito e da reconstituição genealógica, foram recompostas as \'estratégias de bem viver\' de paulistas, portugueses e espanhóis, partícipes da elevação de Curitiba à vila (e algumas de suas gerações) que transitaram por aquelas paragens, dentre aqueles estabelecidos como nobres da terra e de proeminência local, de acordo com a então costumeira lógica de hierarquização social. Tais estratégias são compreendidas enquanto o conjunto de decisões tomadas ao longo de suas vidas, especialmente aquelas relativas a: 1) formação e estabelecimento de laços de parentesco, principalmente por meio do casamento e do compadrio; 2) posse e aquisição de terras e de outros cativos; 3) pertencimento às instâncias administrativas de controle e ordenamento populacional. O estudo permite, por um lado, entrever as brechas que uma sociedade em processo de formação oferecia para que indivíduos (des)providos de nome e condição pelo seu nascimento empreendessem trajetória de mobilidade social ascendente; por outro, também perceber que outros personagens conheciam o ordenamento que possibilitaria tal acesso mas, mesmo traçando os caminhos \'ideais\', eram relegados a um plano periférico dentro daquele corpo social. Tais premissas possibilitam desvelar certas nuances de suas lógicas dentro de determinados encaminhamentos sociais.