Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1999 |
Autor(a) principal: |
Gameiro, Augusto Hauber |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20220208-105201/
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Resumo: |
O roubo de cargas tem sido um sério problema no Brasil, principalmente a partir do início dos anos 90. O modal de transporte rodoviário, por apresentar grande importância na movimentação de cargas no País, é aquele que está tendo maior dificuldade para enfrentar esse tipo de delito. Este contexto de insegurança vem exigindo uma revisão dos métodos de Gerência de Risco por parte das empresas transportadoras e dos embarcadores (os proprietários das cargas). O seguro de carga, um tradicional método de Gerência de Risco, vem sendo questionado em relação à sua eficiência e disponibilidade, diante do elevado risco de ocorrência do roubo. Neste trabalho foram estudados os condicionantes da demanda por seguro de carga por parte das empresas transportadoras, com um enfoque no tratamento do risco de roubo de cargas. As informações utilizadas foram obtidas diretamente de uma amostra de 200 empresas distribuídas ao longo do território nacional. Especialistas no assunto, tais como técnicos em seguro, gerentes de risco e advogados, também foram entrevistados para enriquecer o estudo. As análises quantitativas foram conduzidas, basicamente, através de técnicas de Estatística Descritiva. Uma análise econométrica, baseada em modelos de escolha discreta foi desenvolvida, objetivando um maior aprimoramento na interpretação dos dados. Os resultados obtidos permitiram concluir que as empresas transportadoras vêm se deparando com alguns entraves em relação à utilização de seguros para o risco de roubo de cargas, em vista do elevado risco desse tipo de evento na atualidade. Consequentemente, outros procedimentos de Gerência de Risco passam a ganhar mais importância e, muitas vezes, são condição sine qua non para a utilização do seguro, assumindo assim, características de bens complementares ao seguro. Apesar disso, constatou-se que o seguro de carga, de uma maneira geral, ainda é considerado o método de Gerência de Risco mais importante no transporte rodoviário de carga. As margens reduzidas da atividade, bem como o elevado valor das cargas transportadas, fazem com que a transferência do risco de perdas e danos através do seguro seja a melhor ou, em muitos casos, a única forma de conviver com esse risco. A administração dos seguros por parte das empresas transportadoras foi igualmente analisada. Verificou-se a existência de alguns entraves relacionados a esse assunto, tais como a dificuldade com que certas empresas têm na operacionalização desses seguros, principalmente aquelas de menor porte ou menos estruturadas. Os seguros de carga são relativamente complexos. Essa característica, associada aos problemas advindos de uma maior ocorrência do roubo de cargas, faz com que realmente a manutenção desses seguros seja mais complicada. A regulamentação dos seguros no Brasil, de certa forma ainda bastante rígida, foi outro ponto abordado na pesquisa. A utilização de contratos com características tipo padrão, muitas vezes, pode acabar não se adequando às reais necessidades dos segurados. Um exemplo característico são as taxas mínimas para a estipulação dos prêmios do seguro. Nesse mesmo sentido, um aspecto que deveria ser revisto é a imposição legal sobre a utilização de alguns seguros, mesmo porque os resultados mostraram que muitas dessas imposições não são obedecidas pelas empresas. Através da utilização de modelos econométricos, analisou-se também os condicionantes da demanda das empresas de transporte pelos seguros de carga. Os resultados da estimação dos modelos foram condizentes com o esperado e com as análises qualitativas, tendo apresentado níveis de significância bastante elevados. Em linhas gerais, a localização geográfica das empresas de transporte é uma variável que influencia a demanda por seguro, principalmente o seguro de roubo. Empresas localizadas em regiões onde o problema é mais evidente, tal como o Estado de São Paulo, tendem a demandar mais esse tipo de seguro. O tamanho da frota operada pelas empresas, adotada como indicação da riqueza das empresas, também apresentou uma influência significativa na demanda por seguros. Essa informação permite verificar o tipo do bem seguro. O seguro de responsabilidade dos transportadores (RCTR-C) mostrou-se um bem superior, pois à medida que aumenta a riqueza das empresas, a sua demanda também aumenta. Já o seguro de roubo (RCF-DC) mostrou-se um bem inferior, porém com uma menor significância e um menor coeficiente. O número de roubos sofridos pelas empresas apresentou forte influência sobre a demanda pelo seguro de roubo. As empresas que têm experiência com um elevado número de roubos sofridos apresentam uma maior demanda pelo seguro. Finalmente, o trabalho procurou não perder de vista a inserção do problema do roubo de cargas em um ambiente macro de profundas mudanças econômicas e estruturais, as quais certamente também acabam influenciando a contratação dos seguros. |