Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Haynal, Thabata Dias |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-23052023-113031/
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Resumo: |
Em 2020, George Floyd, um ex-segurança negro, foi morto em uma abordagem policial violenta e sem apresentar qualquer resistência. As imagens se espalharam pelas mídias digitais causando indignação, revolta e mobilizando milhares de pessoas às ruas de diversas cidades ao redor do mundo. Tais protestos, permeados por reivindicações antirracistas e anticolonialistas, aconteceram a despeito das restrições impostas pela crise sanitária de Covid-19 e logo se voltaram contra símbolos presentes no espaço público que, em maior ou menor grau, e materializavam discursos ligados à supremacia racial e colonial. Um marco desse movimento fora a derrubada da estátua de Edward Colston, em Bristol, na Inglaterra, por sua associação com o tráfico de pessoas negras para trabalharem em regime de escravidão. No Brasil, um dos principais desdobramentos dessas mobilizações foram as intensas discussões sobre o espaço público ocorridas tanto nas mídias tradicionais quanto nas mídias digitais. Frente à proporção dos protestos e da relevância social de tal debate, buscamos a partir da análise de dez artigos de opinião publicados na Folha de S.Paulo em junho de 2020, mês no qual os protestos estavam no auge mapear e construir o argumentário das distintas posições instanciadas a partir da questão prática que nucleia a disputa: O que fazer com monumentos ligados ao racismo e ao colonialismo que ocupam o espaço público? Para alcançarmos tal objetivo, partimos (i) da identificação das questões que emergiam no debate (PLANTIN, 2008), considerando a distinção entre argumentação prática e epistêmica debatida por Macagno (2015), Walton e Macagno (2015, 2019) e Gonçalves-Segundo (2020b, 2021d); (ii) da reconstrução de argumentos práticos e epistêmicos a partir da teoria dos esquemas argumentativos segundo a proposta de Macagno (2015) e Walton e Macagno (2015, 2019), em diálogo com as discussões realizadas no Brasil por Gonçalves-Segundo (2021a, 2021b, 2021c, 2022), Gonçalves-Segundo e Isola-Lanzoni (2021) e da Silva (2022); (iii) da detecção dos focos de acordo e desacordo na discussão, a partir das teorizações de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2006 [1958]), Reboul (2004) e Fogelin (2005); (iv) da construção gráfica do argumentário a partir das considerações de Gonçalves-Segundo (2021b). Como resultado, pudemos identificar que a discussão se sustenta em um eixo pró e contra a manutenção (da forma como está) de monumentos ligados ao racismo e ao colonialismo no espaço público. Enquanto o lado pró-manutenção sustenta suas argumentações especialmente com base no direito à memória e na defesa do patrimônio público, o lado anti-manutenção parte da desigualdade na representação de minorias sociais, em especial da população negra e dos povos indígenas, não apenas no tocante a homenagens no espaço público, mas também no desequilíbrio de poder que ainda se desdobra na continuidade da violência histórica contra essa parcela da população brasileira. Em termos dos esquemas argumentativos privilegiados, destacamos que o lado pró-manutenção se vale especialmente de argumentos epistêmicos por exemplificação, analogia e sinal, o que evidencia uma argumentação de caráter mais reativo, ao passo que o lado anti-manutenção se vale principalmente de argumentos práticos, com destaque aos argumentos de raciocínio prático instrumental, por consequências negativas e por valor. Ademais, observamos que há desacordos epistêmicos relevantes entre os lados, como o que envolve o conceito de revisionismo histórico, mas também há acordos importantes, como a defesa da preservação do Monumento às Bandeiras na capital paulista, lastreada no compartilhamento da importância do valor artístico (estético) para decisões relativas à manutenção de monumentos no espaço público |