Ensaio clínico com fluoxetina em baixa dose para o tratamento da síndrome pré-menstrual: um estudo piloto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Maranho, Maria Clara de Morais Faleiros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17163/tde-02122020-122142/
Resumo: Introdução: A síndrome pré-menstrual (SPM) acomete parcela significativa de mulheres e caracteriza-se pela ocorrência, nos dias que antecedem a menstruação, de sintomas afetivos e somáticos, sofrimento significativo e prejuízo do funcionamento global. Evidências de estudos em ratas sugerem a implicação da allopregnanolona (ALLO), o principal metabólito ativo da progesterona, na neurobiologia da SPM. Objetivos: avaliar se a administração de fluoxetina em dose e tempo insuficientes para ativação do sistema serotoninérgico, mas suficientes para retardar a cinética do metabolismo da progesterona/alopregnanolona no sistema nervoso central seriam capazes de prevenir ou atenuar os sintomas da SPM. Especificamente, pretendeu-se: a) verificar o efeito da fluoxetina, em baixas doses diárias (2 mg, 5mg e 10 mg), comparada com placebo e de uso restrito ao final da fase lútea do ciclo menstrual, na prevenção e/ou atenuação de sintomas de SPM; b) estabelecer a menor dose eficaz de fluoxetina para prevenção/atenuação de sintomas de SPM; c) verificar a ocorrência de efeitos colaterais nas diferentes doses de fluoxetina em comparação com o placebo. Métodos: Trata-se de ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo. A amostra foi composta por 40 mulheres com idade entre 18 e 40 anos, com diagnóstico de SPM, segundo os critérios diagnósticos do Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia. Foram excluídas mulheres com diagnóstico psiquiátrico ou outra condição médica. A avaliação da gravidade de sintomas na SPM foi realizada por meio da Daily Record of Severity of Problems, Short Form, 11-items version - DRSP, traduzida para o português. Participantes preencheram a DRSP diariamente, durante dois ciclos menstruais (ciclo 1 = sem intervenção farmacológica, ciclo 2 = com intervenção farmacológica). No ciclo de intervenção, as voluntárias foram orientadas a tomar as cápsulas durante os sete dias que antecederiam a data provável da menstruação e a interromper esse uso tão logo tivesse início a menstruação. O desfecho primário do estudo foi o escore total da DRSP. Como desfechos secundários, foram considerados: sintomas físicos e psicológicos (itens 1 a 11 da DRSP), impacto funcional global (itens 12 a 14 da DRSP), irritabilidade (item 4 da DRSP) e sintomas físicos (item 11 da DRSP). Resultados: Independente do grupo de tratamento, houve redução significativa de todos os parâmetros no ciclo 2, em comparação com o ciclo 1. Nenhuma das doses de fluoxetina demonstrou superioridade ao placebo nos desfechos primário ou secundários, exceto na irritabilidade (item 4 da DRSP), em que houve redução significativa no grupo de voluntárias que fizeram uso diário de 10 mg de fluoxetina. Conclusões: A hipótese inicial de que doses baixas de fluoxetina administradas por poucos dias seriam capazes de retardar a velocidade da queda da ALLO, e consequentemente levar a atenuação de sintomas de SPM não se confirmou, com exceção da irritabilidade, um sintoma cardinal da SPM, que pode envolver processos biológicos distintos. O mecanismo fisiopatológico da SPM é provavelmente complexo, com envolvimento de diversas vias de ação, e mais estudos são necessários, com especial atenção ao efeito placebo na SPM.