Representações da violência e da ditadura militar no romance Zero (1975), de Ignácio de Loyola Brandão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Freitas, Magno Henrique de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-18032022-191256/
Resumo: O presente estudo propõe uma leitura analítica do romance Zero, do escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão. Finalizado em 1971, publicado no Brasil em 1975, censurado no ano seguinte para ser liberado apenas em 1979, o livro em questão compartilha com um conjunto de narrativas publicadas ao longo da ditadura certos traços estilísticos que nos levou a adotar o conceito de romance-político. A imbricação entre política e arte verificada em parte expressiva da produção literária surgida ao longo da década 1970 apontava sobretudo para o desejo de alguns escritores intervir na realidade histórica. Inconformados pelas ações do poder ditatorial, autores como Ignácio de Loyola Brandão, Antonio Callado, Ivan Angelo, Renato Tapajós, dentre outros atuantes naquela conjuntura, viram-se impelidos a buscar procedimentos formais que lhes permitissem compor romances capazes de confrontar os militares, mesmo que apenas simbolicamente. Embora esse fluxo de narrativas comungasse de um mesmo imperativo político e explorasse os mesmos tipos de procedimentos estéticos (como a fragmentação do discurso, o investimento na função referêncial da linguagem, o tema da luta armada, o diálogo com o jornalismo), ele acabou resultando em romances completamente distintos entre si. Diante desse panôrama, buscamos ao longo de nosso trabalho investigar e definir qual seria a singularidade do romance Zero. Estabelecendo como horizonte a noção de representação artística, interessou-nos especificamente explorar os diálogos que Ignácio de Loyola Brandão estabeleceu com algumas dinâmicas e processos que marcaram os primeiros anos da ditadura, tais como a expansão da indústria cultural e avanço da modernização de cunho capitalista, o agravamento das condições de vida nas grandes cidades. Na parte central de nosso argumento, abordaremos o tipo de representação da luta armada e da violência de estado que emerge da estrutura caótica do romance Zero. Como ponto de partida, assumimos que essa obra opera, no campo social, como uma força de elaboração da experiência da derrota, motivo esse pelo qual julgamos pertinente adotarmos as noções psicanalíticas de perda e trauma, ambas relevantes para a investigação dos afetos e sentimentos associados a conflitos históricos que resultam na vitória de uns sobre os outros.