Perspectiva sem ponto de fuga: a figura do refugiado e a saúde global como dispositivo da biopolítica na contemporaneidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Tittanegro, Gláucia Rita
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6140/tde-27092018-142047/
Resumo: Este estudo tem como objetivo principal rever a categoria Refugiado para poder refletir sobre a Saúde Global como dispositivo da biopolítica moderna. O estudo espera contribuir nessa construção oferecendo uma reflexão crítica a partir da visão agambiana de dispositivo e de uma política que vem. Trata-se de avaliar se a Saúde Global, em seus anseios de governança da saúde planetária, não pode ser tomada bem mais como um dispositivo de captura da vida nua, categoria central no pensamento de Giorgio Agamben. A vida nua é justamente o Refugiado. Daí a importância da análise dessa categoria. Propomos assim uma hipótese funcional de trabalho: perceber a Saúde Global, a partir de sua própria definição, como um campo de tensões e de dissensos necessários para a construção de uma nova política, uma vez que as análises da figura do Refugiado mostraram o colapso do Estado-nação e da categoria de direitos humanos. A construção dessa pesquisa está ancorada sobre três elementos centrais: 1º a ideia de refugiado e de hospitalidade: o ser que se é, é ser localizado territorialmente, ser-no-mundo, onde o mundo de relações estabelecidas permite/favorece/permeia/forma a identidade do sujeito. A desterritorialização é o próprio desterro do sujeito, um desarvorar que clama por novas possibilidades de fincar raízes, as quais só são possíveis através de outros movimentos, ou seja, através do con-solo ou da devolução do solo. Encontramo-nos aqui no limiar da perda de identidade e da necessidade de criar condições de reconquista por meio do abrigar, do refugiar, do acolher, do com-partilhar. Essa dimensão mais originária do ser humano ou da sua condição metafísica essencial, na prática, serviu de fio condutor ou de fundamento para a construção de estatutos jurídicos do Refúgio e da Hospitalidade A crise se instala quando todo este aparato parece perder significado e sentido; 2º as novas formas de dizer-se/olhar-se/compartilhar-se no mundo globalizado. Utilizamos os verbos no reflexivo pela seguinte razão: mais do que dizer algo a alguém as novas tecnologias parecem pautadas na necessidade de transmissão de identidade. Ser-no-mundo é ser-na-linguagem. Os relatos de fuga dos refugiados feitos por eles mesmos com seus smartphones são um dizer sobre si, um dizer sobre a situação, uma denúncia do que está acontecendo; 3º as rupturas abordadas são uma questão de Saúde Global. O elo que une cada um desses elementos é a reflexão crítica do filósofo Giorgio Agamben em sua pesquisa sobre o Homo Sacer.