Retorno social aos investimentos em pesquisa na cultura do café

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1976
Autor(a) principal: Fonseca, Maria Aparecida Sanches da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-151639/
Resumo: A determinação das fontes que geram o desenvolvimento econômico é de fundamental importância para entendimento do processo de crescimento. Identificação e classificação de tais fontes de acordo com sua importância podem contribuir de forma significativa para o estabelecimento de medidas políticas visando melhor alocação de recursos públicos. Investimentos em pesquisa e educação são vistos geralmente como um pré-requisito para sustentação do desenvolvimento técnico e econômico. No entanto, são poucos os trabalhos empíricos realizados nesta área, pouco se sabendo a respeito do modo pelo qual tais investimentos contribuem para o desenvolvimento ou da magnitude dos retornos. O objetivo geral deste trabalho é contribuir para o aumento do acervo de conhecimento empírico sobre a eficiência da alocação dos recursos públicos em pesquisa e assistência técnica. Para tanto tomou-se como base o programa de pesquisa desenvolvido nos últimos quarenta anos pelo Estado de São Paulo para a cultura do café. Os objetivos específicos deste trabalho são: a) estimar os custos da pesquisa e da assistência técnica à cafeicultura; e, b) os retornos à sociedade advindos dos investimentos realizados. Para cálculo dos custos foram necessárias informações referentes aos orçamentos dos órgãos governamentais responsáveis pela pesquisa e assistência técnica à cafeicultura durante este período. Os benefícios foram calculados através de informações referentes aos ganhos de produtividade dos novos cultivares e do índice de adoção destes cultivares por parte dos agricultores, pressupondo-se que a curva de oferta de café estaria posicionada mais à esquerda caso os cultivares melhorados não fossem disponíveis. Com relação aos custos do programa de pesquisa e assistência técnica à cafeicultura o que se verifica é que a participação relativa dos gastos com café variou durante o período estudado. Esta variação parece ter acompanhado variações ocorridas quanto à importância do café na economia brasileira. Os benefícios começaram onze anos após o início do programa e dezoito anos depois o fluxo líquido de retornos tornou-se positivo, crescendo a uma taxa geométrica de 32% ao ano, no período 1944-75. A taxa interna de retorno foi calculada considerando-se os gastos combinados de pesquisa e assistência técnica e os gastos de pesquisa isoladamente; esta taxa variou entre 17,1% e 26,5% utilizando-se os dois tipos de custos e diferentes alternativas de elasticidade de oferta e de demanda. Os resultados evidenciam que alocação de recursos em pesquisa e assistência técnica à cafeicultura foi eficiente e confirmam as conclusões de autores como Griliches, Evenson, Ayer e Schuh, de que tais atividades são essenciais ao desenvolvimento. Duas conclusões são ainda relevantes numa perspectiva de longo prazo. Uma é que são Paulo deve investir mais em pesquisa com café, mormente agora que se vislumbra uma situação muito favorável expansão da cafeicultura e quando são vultosas nossas obrigações com o exterior. Outra, é que a geração de conhecimentos agronômicos só faz sentido quando realizada sem solução de continuidade. Entre produzir uma nova técnica e tê-la efetivamente adotada pelo agricultor há uma defasagem que nas culturas perenes tende a ser sempre mais elevada.