Dinâmica sedimentar das praias arenosas da porção setentrional do Arquipélago de Fernando de Noronha (PE): a influência da sazonalidade do clima de ondas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ambrosio, Bruna Garcia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21136/tde-02022024-142826/
Resumo: Ilhas oceânicas são porções de terra rodeadas por água e inseridas no assoalho oceânico. Estas possuem grande relevância ambiental, principalmente devido ao alto grau de endemismo, e abrigam diferentes ambientes costeiros, dentre os quais podemos citar as praias insulares. Situados distantes da influência continental, estes ambientes estão expostos às condições de vento, correntes, marés e ondas ao largo, e são muito vulneráveis às variações do nível médio do mar. No território brasileiro são encontradas cinco ilhas oceânicas, dentre estas está o Arquipélago de Fernando de Noronha (PE). Localizado no Oceano Atlântico Sul Equatorial, em uma região com profundidades de aproximadamente 4.000 m e cercada por uma plataforma insular rasa e estreita. Um importante habitat do arquipélago são os leitos de rodolitos. A Ilha de Fernando de Noronha conta com 15 praias arenosas, que se concentram na costa setentrional do arquipélago (Mar de Dentro). O sedimento é predominantemente autóctone e em grande parte bioclástico. Estas praias sofrem processos erosivos sazonais, sendo que algumas delas sofrem a erosão total de suas areias. Essa erosão episódica é seguida por períodos nos quais predominam os processos deposicionais e os perfis praiais são restaurados. O principal objetivo deste trabalho é avaliar a dinâmica sedimentar, caracterizando os padrões de transporte de sedimentos e variação da morfologia das praias, principalmente em resposta à variabilidade sazonal do clima de ondas. Para isso, foram utilizadas a modelagem numérica e ferramentas de geoprocessamento aplicadas a imagens multiespectrais (sensoriamento remoto). Os resultados indicam que os eventos de ocorrência de swell de norte são responsáveis por alterar substancialmente a morfodinâmica costeira do Mar de Dentro. Tais eventos são comuns entre os meses de outubro a abril, causam o aumento da força de onda que atinge a costa e do potencial de mobilidade sedimentar por ondas em áreas maiores e mais profundas da plataforma. Nesses períodos há um aumento do nível médio da água junto à costa devido às ondas, gerando um gradiente de pressão barotrópico e, consequentemente, a intensificação das correntes e do transporte de sedimentos, especialmente a componente transversal à costa em direção à plataforma; isso ocorre em uma estreita faixa junto à costa, onde as ondas são mais efetivas na geração de correntes litorâneas. Logo, observa-se maior variabilidade morfológica das praias, com erosão das porções mais altas do perfil praial (diminuição da largura das praias) e formação de bancos arenosos longitudinais às praias, em torno da isóbata de 5 m, que podem servir como depósitos temporários de sedimentos para posterior recuperação dos perfis praiais. Por sua vez, os períodos de calmaria, marcados pela incidência de swell de sul de maio a setembro, são caraterizados por menor força de onda na costa e potencial de mobilidade. De maneira geral, as correntes são menos intensas e há pouca alteração morfológica. Nas praias localizadas no setor sudoeste, as correntes são um pouco mais intensas e longitudinais à costa, e são observadas maiores alterações da morfologia. A variabilidade sazonal do clima de ondas expõe alternadamente as porções norte e sul da plataforma insular a níveis de energia maiores ou menores, isso contribui para o desenvolvimento dos leitos de rodolitos e para que haja recuperação das praias, sem perdas expressivas de material sedimentar.