O que pode o corpo escrito? Das possibilidades de uma vida outra nas narrativas contemporâneas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Francini, Ana Carolina Macena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-13122022-112834/
Resumo: Este estudo tem como objetivo examinar de que maneira os modos de existência presentes na literatura hispano-americana do início dos anos 2000, ao pôr em foco o corpo, problematizam o paradigma de pessoa ou de sujeito da consciência/de direito (ESPOSITO, 2009) como única forma possível/reconhecível do ser vivente que, para ser legitimado enquanto tal, deve sobrepor seu elemento racional-espiritual ao corporal. Nesta abordagem, foram selecionados três romances nos quais o corpo se apresenta como peça-chave, sendo as obras: Fruta podrida (2007), de Lina Meruane, Paraísos (2012), de Iosi Havilio, e Kentukis (2018), de Samanta Schweblin. Para esta análise, propõe-se um entrecruzamento entre literatura e filosofia no qual se dialoga especialmente com a teoria do filósofo italiano Roberto Esposito que, em seus livros Tercera persona (2009) e Dispositivo de la persona (2011), elabora uma crítica à perspectiva dicotômica da categoria de pessoa que se interpõe entre corpo e alma com o propósito de valorar tão somente a dimensão incorpórea da vida como digna de direitos e, por essa razão, é estimada em discursos jurídicos, filosóficos e políticos e, contraditoriamente, sustenta as reivindicações dos direitos humanos. Por fim, argumenta-se que a escrita do corpo nestas ficções hispano-americanas contemporâneas torna-se potência para pensar possibilidades de uma vida outra -na qual o corpo não é rebaixado ou anulado-, além de revelar a violência a que os corpos estão expostos quando não se delimitam à excludente e exclusiva categoria de pessoa