Resumo: |
As alterações comunicativas têm sido descritas em muitas pesquisas como sendo uma das primeiras preocupações dos pais de crianças do espectro do autismo, além de serem consideradas parâmetro de diagnóstico e indicações de intervenções terapêuticas. O objetivo deste estudo foi, a partir da percepção dos pais e/ou cuidadores, buscar compreender as variáveis relevantes quanto às dificuldades comunicativas percebidas por eles. Considera-se que a interpretação e a atitude dos pais frente aos comportamentos, não somente das crianças, mas também das outras pessoas, tenha influência no processo comunicativo da díade. O questionário envolve aspectos fundamentais para o relacionamento interpessoal, tanto no âmbito comunicativo quanto social. Ele é dividido em 24 questões fechadas que abrangem quatro domínios (impressão dos pais sobre si mesmos, em relação às outras pessoas, em relação a seus filhos e atitudes dos pais em relação a seus filhos) e uma questão aberta. Neste estudo o questionário foi aplicado a um grande grupo de pais e/ou cuidadores em diferentes regiões do Brasil e as variáveis sociodemográficas consideradas foram idade da criança, posição entre outros irmãos; idade e nível de escolaridade dos cuidadores. Os resultados foram estatisticamente analisados e indicaram que, de uma forma geral, os dados sociodemográficos não apresentaram relação significativa com as respostas obtidas no questionário. Em relação aos domínios, a impressão dos pais a respeito das reações das outras pessoas às manifestações de seus filhos originou a maior parte das dificuldades relatadas. Três questões específicas destacaram-se como aquelas em que houve um volume significativo de concordâncias: elas dizem respeito à dificuldade de comunicação das outras pessoas com a criança, hábitos de comunicação da díade e preocupação com o futuro e a falta de informações a respeito do tema. O tratamento dos dados possibilitou identificar as dificuldades recorrentes apontadas pelos cuidadores. Caberá ao fonoaudiólogo usar essas informações e, ao mesmo tempo, valorizar o há de individual e peculiar a cada família nos processos de orientação. |
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