\"Roque Santeiro\" e a ditadura militar brasileira em três atos: a política por trás das telas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Mattos, Laura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27153/tde-09032017-104329/
Resumo: \"Roque Santeiro\", de Dias Gomes, é mais que o maior fenômeno de audiência da teledramaturgia brasileira. É uma obra em três atos, capaz de trazer à tona o início, o meio e o fim da ditadura militar brasileira, cada fase com suas diferentes formas de censura. No primeiro, temos a peça teatral \"O Berço do Herói\", em 1965, que daria origem à trama televisiva. A história de um cabo, falso herói da Força Expedicionária Brasileira, é censurada no dia da estreia. Dez anos depois, em segundo ato, uma versão da peça feita para a TV Globo, já com o nome de \"Roque Santeiro\" e 36 capítulos gravados, ganha o traumático título de a primeira telenovela integralmente censurada no País, um dia antes do lançamento, em 1975. Por fim, em 1985, duas décadas após a proibição da peça, a novela, em um nova versão, gravada com outros atores, vai ao ar, consagrada pela crítica e pelo público. Nesse terceiro ato, é embalada como símbolo da abertura política brasileira, mas, nos bastidores, enfrenta seguidos cortes da Censura, que não se desmonta no período da redemocratização, quando o País já tinha um presidente civil, mas não uma nova Constituição, que só seria promulgada em 1988. A base desta pesquisa são fontes primárias, que vêm à público pela primeira vez: cerca de duas mil páginas de documentos dos arquivos da Censura relacionados à obra e de todos os registros sobre Dias Gomes no SNI (Serviço Nacional de Informações), além de um diário pessoal em que ele narra o processo de criação de \"O Pagador de Promessas\", base de sua dramaturgia, e de correspondências entre o autor, a Globo e o governo. A esse corpus se somam reportagens da época e depoimentos de profissionais ligados a Dias Gomes especialmente concedidos para este trabalho, que pretende mostrar a força simbólica desse produto midiático (\"Roque Santeiro\") como revelador de um período histórico do País, a partir da relação triangular entre um célebre comunista, o governo militar e a maior emissora de televisão do País.