Roteiros sexuais de transexuais e travestis e seus modos de envolvimento sexual-afetivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Galli, Rafael Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-05082013-151002/
Resumo: As diversas facetas da sexualidade estão se tornando cada vez mais visíveis na sociedade atual e duas categorias que começam a ganhar espaço e visibilidade na contemporaneidade são as das transexuais e das travestis. Transexuais são pessoas que não se identificam com seus genitais biológicos (e suas atribuições socioculturais) podendo, às vezes, utilizar da cirurgia de transgenitalização para construir suas expressões de gêneros em consonância com seu bem estar biopsicossocial e político; enquanto travestis são pessoas que se identificam com as imagens e estilos de gêneros (masculinos e femininos) contrários ao seu sexo biológico (machos e fêmeas), que desejam e se apropriam de indumentárias e adereços dessas estéticas; realizam com frequência a transformação de seus corpos por meio da ingestão de hormônios e/ou da aplicação de silicone industrial, assim como, pelas cirurgias de correção estética e de implante de próteses, o que lhes permitem se situar dentro de uma condição agradável de bem estar biopsicossocial. Diversos estudos têm sido realizados, tendo essas pessoas como alvo. No entanto, são poucos os que focalizam as necessidades, desejos e fantasias das mesmas no que tange à esfera sexual. Este estudo tem como objetivo conhecer a vida sexual de travestis e transexuais, dando ênfase às suas práticas e roteiros sexuais. A pesquisa tem enfoque metodológico qualitativo e utiliza a teoria dos roteiros sexuais de Gagnon como referencial teórico. Os dados foram colhidos mediante a aplicação de entrevistas individuais semiestruturadas. Foram entrevistadas 15 pessoas, de 19 a 58 anos, entre travestis, transexuais que já realizaram a cirurgia de redesignação sexual e transexuais que não a realizaram. As entrevistas aconteceram em situação face a face e foram audiogravadas. Também foi utilizado o diário de campo para anotações do pesquisador. Posteriormente, essas foram transcritas integral e literalmente, constituindo o corpus da pesquisa. Os achados foram sistematizados, de modo a capturar os modos de organização da vida sexual, os tipos de práticas e os roteiros sexuais, além dos desejos, fantasias, ações e relações que as circunscrevem. Pode-se notar a incorporação de diversos discursos pertencentes à cultura ocidental, em especial a cultura brasileira, sendo os quatro principais: o discurso do gênero, o do amor romântico, o médicocientífico e o erótico. Alguns dos aspectos desses discursos são incorporados fielmente aos roteiros, enquanto outros sofrem improvisações de cada colaboradora. Esses discursos são usados para legitimar a condição feminina de cada uma delas, assim como, para construir suas visões do sexo e de mundo. No nível interpessoal, foram caracterizadas relações unilaterais em diversos níveis e o elemento de sedução como constituinte dos roteiros das colaboradoras profissionais do sexo. As práticas de penetração (sexo vaginal e anal) foram as mais enfatizadas nos discursos, seguidas do sexo oral em detrimento de beijos e carícias, que apesar de pouco referidos, foram mencionados como de extrema importância. Acredita-se que este estudo poderá trazer contribuições relevantes para a compreensão das singularidades da vida sexual de transexuais e travestis, assim como para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde focalizadas nas questões sexuais dessas pessoas.