Remoção de microorganismos em reatores anaeróbios de fluxo ascendente e manto de lodo operando com esgotos domésticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1991
Autor(a) principal: Gasi, Tania Mara Tavares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-26112024-115107/
Resumo: Os reatores anaeróbios de fluxo ascendente e manto de lodo (UASB) têm demonstrado sua aplicabilidade no tratamento de esgotos domésticos no Brasil, obtendo bons resultados de remoção de carga orgânica e sólidos a um custo menor que os processos convencionais. No entanto, é necessário verificar o potencial de proteção à saúde pública decorrente da implantação dessas unidades, principalmente por se saber que sistemas de tratamento de esgotos normalmente não removem organismos patogênicos significativamente. Estudou-se a remoção de coliformes totais, coliformes fecais, estreptococos fecais, Clostridium perfringens, Salmonella sp., colifagos, ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários em um reator UASB, operando com esgotos domésticos brutos. A unidade avaliada apresentava 120 m3 de volume útil e foi operada com tempo de retenção hidráulico variando entre 5,1 e 14,6 horas e a temperaturas entre 20 e 25ºC. Realizaram-se amostragens instantâneas da alimentação, do efluente, do lodo descartado e de cinco outros pontos no manto de lodo; foram também coletadas amostras compostas em 4 horas no efluente tratado. Todas as amostras foram submetidas à análise da presença e/ou número dos microrganismos indicados acima, além da determinação de outros parâmetros físico-químicos e operacionais, discriminados no trabalho. Uma análise preliminar da distribuição dos dados obtidos verificou que a mesma não era normal ou log-normal. Dessa forma, optou-se pelo uso de testes estatísticos não paramétricos e pelo emprego das medianas para caracterizar os centros dos conjuntos de dados. Verificou-se que o reator removeu menos que 1 unidade log10 das bactérias e colifagos acima referidos e que a sobrevivência dos mesmos ainda era muito elevada, sugerindo-se a necessidade de pós-tratamento. Os parasitas foram praticamente removidos do processo, tendo-se observado eventuais perdas de ovos e cistos com o esgoto tratado. Havia correlação entre as contagens de Salmonella sp., Clostridium perfringens e cistos de protozoários no esgoto de alimentação e no efluente tratado. Foi possível estabelecer uma equação de sobrevivência de Salmonella sp. em função da presença da bactéria no esgoto bruto. A temperatura do reator foi a variável que mais se relacionou à sobrevivência dos microrganismos no efluente. Havia acréscimo na sobrevivência quando a temperatura aumentava de 20ºC para 25ºC. A presença de ovos de helmintos no esgoto tratado estava relacionada às concentrações de sólidos em suspensão voláteis e a de cistos de protozoários aos valores de pH. O lodo estava bastante contaminado, o que é usual em resíduos deste tipo provenientes de estações de tratamento de esgotos, recomendando-se o tratamento e a disposição adequados do mesmo. A confrontação entre o acúmulo dos microrganismos no lodo e as taxas de remoção dos mesmos no reator, permitiu sugerir que havia mortalidade dos seguintes organismos: coliformes totais, coliformes fecais, Salmonella sp. e cistos de protozoários. Houve um pequeno acréscimo de estreptococos fecais e um acúmulo expressivo de ovos de helmintos. Verificou-se que havia proliferação de clostrídios sulfito-redutores, medidos como Clostridium perfringens, sugerindo-se que os mesmos participam do processo de digestão anaeróbia, provavelmente na etapa hidrolítica. Verificou-se, também, a possibilidade de proliferação de colifagos no lodo do reator UASB. Sugeriu-se que o processo físico de sedimentação era o principal mecanismo de remoção de ovos de helmintos e de acúmulo dos mesmos no lodo. A remoção de cistos de protozoários, por outro lado, pareceu estar relacionada à substâncias medidas indiretamente como pH, sugerindo-se que tais compostos fossem ácidos orgânicos voláteis formados no processo anaeróbio.