O local da cultura na música eletroacústica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Rafael Fajiolli de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-09112022-150823/
Resumo: Partindo de uma discussão em torno de uma metodologia para a análise da música eletroacústica, tomamos como princípio norteador as três escutas teorizadas por Michel Chion em A audiovisão: som e imagem no cinema (1991). Desse modo, propomos uma metodologia que tem início na identificação das possíveis fontes sonoras dos materiais (escuta causal), seguida pela descrição das características intrínsecas das sonoridades (escuta reduzida), tal como proposto por Denis Smalley em sua Espectromorfologia. Finalmente, para a análise do nível semântico da escuta - e esta é a principal contribuição desta tese - propomos uma nova configuração da teoria das tópicas musicais para serem aplicadas a esse gênero. A recorrência de certas características na música eletroacústica acaba suscitando a postulação de algumas significações tópicas particulares ao nosso contexto cultural, revelando, com isso, o Local, no sentido proposto por Bhabha. A influência de autores como Stuart Hall, Clifford Geertz, Roy Wagner, Thomas Turino, Homi Bhabha e Coriún Aharonián foi fundamental para nosso trabalho, pois eles postulam uma descentralização da visão da cultura ao reconhecer e valorizar as características particulares das produções culturais de fora dos eixos dominantes no período pós-colonial. Desse modo, podemos entender as redes de trocas culturais entre os grandes centros e os centros periféricos numa sociedade contemporânea, cada vez mais globalizada, onde as diferenças das culturas locais, para além do mero sentido de exotismo, representam não só uma demarcação de território e de identidade, mas principalmente um novo valor de troca. As categorias tópicas propostas por esse trabalho ajudam na identificação desses territórios, revelando atributos que marcam determinadas obras acusmáticas latino-americanas. Essa metodologia foi posta à prova na análise de três obras: Festa!? de Denise Garcia, Dramédia e Pinheirinho , ambas de minha autoria. Tal experiência revelou que a catalogação de tópicas pode auxiliar na interpretação de obras acusmáticas transcontextuais ou intertextuais, isso é, obras com muitas sonoridades externamente referenciadas. Este trabalho também traz um portfólio de obras eletroacústicas autorais, onde apresento como associo tópicas com técnicas sempre com o objetivo de criar ou possibilitar leituras narrativas.