Resumo: |
Introdução: Cuidados paliativos são uma abordagem de excelência para pacientes com neoplasias avançadas. Quando oferecidos não apenas na fase final da vida, mas durante o tratamento oncológico desses pacientes, observa-se ganho na qualidade da assistência e reflexo no sistema de saúde. Para os tumores de trato aerodigestório superior, tanto a doença quanto seu tratamento trazem consequências físicas, estéticas, funcionais, emocionais e sociais para os pacientes, o que denota uma necessidade ainda maior de abordagem multiprofissional e integrada com uma equipe de cuidados paliativos. Objetivo: Avaliar o impacto do acompanhamento conjunto por uma equipe especializada em cuidados paliativos na fase final da vida de pacientes com neoplasia maligna do trato aerodigestório superior que morreram no período de 2015 a 2019 no Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Método: Estudo de coorte retrospectivo, cuja intervenção avaliada foi o acompanhamento ambulatorial pela equipe de cuidados paliativos. O desfecho primário foi o ganho de sobrevida com maior qualidade da assistência em pacientes falecidos por neoplasia maligna do trato aerodigestório superior. Entendeu-se por qualidade da assistência a menor necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a não realização de quimioterapia nos últimos 30 dias de vida, a redução na procura do serviço de urgência e emergência e a menor necessidade de sedação paliativa nas últimas 24 horas de vida. Resultados: Dos 1.313 pacientes da casuística, 292 (22,2%) foram atendidos ambulatorialmente pela equipe de cuidados paliativos, sendo menos submetidos à quimioterapia nos 30 últimos dias antes do óbito, com diferença de 6,8% contra 24,3% (p<0,001), tiveram menor número de passagens no pronto-socorro por mês de seguimento, com média de 0,5 para o grupo com acompanhamento ambulatorial integrado contra 0,7 para o grupo sem essa abordagem (p<0,001), apresentaram maior intervalo entre a última quimioterapia e o óbito, com médias de 194,3 dias contra 158,8 dias (p=0,030) e maior sobrevida, com aumento de 4,7 meses entre o início do tratamento e o óbito. Os pacientes que não foram acompanhados ambulatorialmente pela equipe de cuidados paliativos durante o tratamento oncológico morreram mais na UTI, com diferença de 1,4% para 25,6% (p<0,001), e receberam mais sedação nas últimas 24 horas de vida, com 18,5% contra 28% (p=0,001). Conclusão: O acompanhamento ambulatorial integrado com equipe especializada em cuidados paliativos foi capaz de diminuir as mortes em UTI, as passagens pelo pronto-socorro, o uso de quimioterapia nos últimos 30 dias de vida e a necessidade de sedação paliativa, além de promover o aumento do tempo de sobrevida dos pacientes com neoplasia maligna do trato aerodigestório superior |
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