Estratégias de crescimento e reestruturação da indústria de carne bovina no Brasil:  o papel de políticas públicas discricionárias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Carvalho, Thiago Bernardino de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-06072016-153906/
Resumo: Representando 0,84% do PIB brasileiro, as grandes firmas de carnes trazem uma idiossincrasia com relação à dinâmica de crescimento, quando comparadas com outras do setor. De um lado, sua expansão ocorre a partir da participação acionária de grupos de capital aberto com a composição de diversos agentes, entre eles o Governo, por meio do BNDES e fundos de investimentos ligados ao governo e, de outro, com a ausência de grupos estrangeiros atuantes no mercado de abates (somente como acionistas privados). Um segundo grupo de firmas, as não contempladas pelos empréstimos do governo, necessitam buscar outras soluções estratégicas para sobreviver num ambiente de competição acirrada. A presente pesquisa teve dois objetivos. O primeiro, verificar qual o papel da participação do capital público nas estratégias de crescimento das empresas do setor e, o segundo, a influência desse capital no desempenho das empresas. Buscou-se analisar os dados e informações das empresas que compõe a indústria de carne bovina no Brasil. Como metodologia de pesquisa, optou-se pelo estudo das informações financeiras das empresas de capital aberto, que possuem dados disponíveis à sociedade, visando discutir o desempenho das mesmas. Para a análise das estratégias foi realizado estudo das reuniões do conselho administrativo dessas firmas. No caso das firmas de capital fechado foram realizadas entrevistas com uma amostra de 17,4% do total das firmas com SIF. Os resultados permitiram analisar a estratégia das firmas neste cenário de importante reestruturação setorial. No que se refere à participação do governo, observou-se que: 1) apesar de a participação na composição acionária e no conselho de algumas empresas, não foi verificado, a partir das análises das reuniões do conselho administrativo, que os órgãos públicos são os principais tomadores de decisão dos rumos dessas empresas, mas sim as famílias, através de holdings; 2) os investimentos feitos pelas empresas com capital aberto e/ou com apoio do Estado são distintos: empresas como o JBS e Marfrig, com o maior apoio do BNDES, cresceram 640% e 610,4% entre 2007 a 2012 com aquisições e diversificação de produtos e mercados; o terceiro maior grupo de carne bovina, o Minerva, sem participação de órgãos públicos, focando suas estratégias de crescimento apenas no mercado de pecuária de corte e expandindo suas atividades, através de aquisições, no mercado sul-americano; última empresa de capital aberto e com suporte de órgãos públicos, a BRF, focando na expansão dos mercados de carne suína e de frango e arrendando suas duas únicas unidades de carne bovina em troca de ações do frigorífico Minerva. Com relação ao grupo de frigoríficos de capital fechado e sem aporte do governo, observou-se que este adotar a estratégia de diferenciar suas atividades, sejam elas de produto ou mercados. Com relação ao desempenho, foi possível verificar que as empresas líderes no mercado de carne bovina, JBS e Marfrig, têm alto grau de relação de capital de terceiros em suas contas, sinalizando a grande dependência de empréstimos e financiamentos, principalmente do BNDES.