Efeito da infecção experimental por Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Streptococcus gordonii sobre a expressão de genes associados à barreira intestinal e inflamação, níveis séricos de LPS e reabsorção do osso alveolar em modelo murino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rocha, Catarina Medeiros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23146/tde-30012023-111435/
Resumo: Periodontite é uma doença inflamatória, induzida por uma microbiota disbiótica, que tem sido associada a uma série de condiçoes sistêmicas, como diabetes e doenças cardiovasculares. Aggregatibacter actinomycetemcomitans é o patógeno mais associado à previamente chamada periodontite agressiva, hoje denominada periodontite padrão incisivo-molar. Apesar do conhecimento sobre vários de seus fatores de virulência relacionados à colonização da cavidade oral e a evasão das defesas do hospedeiro, os efeitos da infecção oral por A. actinomycetemcomitans e suas repercussões sistêmicas ainda são pouco compreendidos. Existem evidências de que a periodontite é caracterizada não apenas pela disbiose da microbiota oralmas também do intestino. No entanto, o impacto da infecção por A.actinomycetemcomitans sobre a microbiota residente do intestino e sobre a integridade da barreira intestinal ainda não foi investigado. Estudos in vitro e dados obtidos em humanos sugerem que a associação de A.actinomycetemcomitans (Aa) com Streptococcus gordonii (Sg) apresenta efeito sinérgico na indução da perda óssea alveolar. Assim, esta proposta visou avaliar o efeito da administração oral de um consórcio microbiano formado por A. actinomycetemcomitans e S. gordonii na indução de perda óssea alveolar em modelo murino e suas repercussões sobre o intestino, avaliando a microbiota intestinal, a expressão de genes associados à barreira intestinal e ao perfil inflamatório e os níveis séricos de LPS. Camundongos C57/Bl6 foram alocados em 4 grupos: controle negativo não infectado (SHAM), infectado com S. gordonii LD1(Sg), infectado com A. actinomycetemcomitans JP2 (Aa) e infectado com ambos os organismos (Sg+Aa). De acordo com o grupo experimental, os animais receberam inoculação oral de Sg e/ou Aa (1x108UFC/dose) 3 vezes por semana, e injeção no palato de Aa (1x107UFC) semanalmente, por 4 semanas. Controles recebendo somente os veículos das bactérias foram empregados. Após 30 dias, os animais foram sacrificados, e determinada a colonização oral e do intestino por A. actinomycetemcomitans e a razão Firmicutes/Bacterioidetes por qPCR; a perda óssea alveolar, por microCT; a expressão de genes associados à inflamação e à permeabilidade do epitélio no intestino por RT-qPCR; e os níveis séricos de LPS pelo ensaio de Limulus. RESULTADOS: Não houve diferença no ganho de peso entre os grupos experimentais. Foi detectada maior perda alveolar, determinada pelos dados de volume ósseo e porosidade óssea nos animais dos grupos infectados em relação ao SHAM, não havendo diferença entre os grupos de animais infectados (Aa, Sg ou Aa+Sg). Não houve diferença significante nos níveis séricos de LPS entre os grupos, embora tenha sido indicada tendência a maior nível sérico de LPS nos animais dos grupos infectados com Aa e Sg+Aa (não significante). Aa não foi detectado em amostras de biofilme gengival ou do conteúdo intestinal. Foi realizado o ratio de Firmicutes/ Bacteriodentes nas amostras de conteúdo intestinal e não teve diferença estatística entre os grupos. A infecção alterou a expressão relativa de Il-10 no intestino, com regulação positiva nos animais do grupo Aa. A expressão de Il1 no intestino foi maior no grupo Aa do que nos demais grupos, embora esta diferença não tenha sido significante. A infecção também promoveu alterações na expressão de proteínas associadas á barreira intestinal. A administração de A. actinomycetemcomitans induziu regulação positiva na transcrição de Cldn1 e Ocln, que codificam as proteínas de tigh junction claudina 1 e ocludina, e em Zo1 que codifica a proteína de ancoragem zonulina 1. O grupo administrado com S. gordonii também apresentou regulação positiva de Cldn1 e Ocln, embora em menor grau que o grupo Aa. No entanto, a administração do consórcio não induziu a alteração na transcrição destes genes em relação ao controle não infectado. Assim, considerando as limitações do estudo e a necessidade de investigações posteriores, os dados obtidos indicam que o uso de Streptococcus gordonii poderia potencializar a colonização e virulência do A. actinomycetemcomitans.