O sítio arqueológico Cerâmica Preta: estudo das técnicas e da cadeia operatória da cerâmica queimada em ambiente redutivo dos povos pré-coloniais praticantes da tradição cerâmica Aratu-Sapucaí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Delforge, Alexandre Henrique
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-19122017-102422/
Resumo: A cerâmica encontrada no sítio arqueológico Cerâmica Preta, localizado entre Camanducaia e Itapeva, Sul do Estado de Minas Gerais, Brasil, apresenta marcas negras de redução que levaram o autor a formular a hipótese sobre uma técnica específica de queima utilizada por aquele povo que habitou o local preteritamente. O conjunto de fragmentos e as marcas neles encontradas representam os remanescentes de uma técnica morta de cerâmica preta, praticada com maestria e regularidade intencionalmente pelo povo que o produziu. A queima da cerâmica, assim como seu uso ao fogo, deixam marcas de diferentes cores e características nas peças submetidas a estes processos. Relata-se aqui a pesquisa de correlatos entre estas marcas, os processos e comportamentos em que esta coleção de fragmentos cerâmicos arqueológicos participou durante sua produção e uso, sua história de vida. Os parâmetros da arqueologia experimental, com base na teoria comportamental, orientam o desenvolvimento dos experimentos sobre as técnicas da queima redutora em fogueiras. Apresento uma análise do material encontrado no sítio Cerâmica Preta em coletas sistemática e assistemáticas, tendo como foco a marcas de queima, buscou-se reproduzir a morfologia e colorimetria para se entender as condições de sua formação através de experimentações em laboratório e em campo. Obtivemos resultados nas experimentações que foram compatíveis com a amostragem arqueológica tendo sucesso em reproduzir condições de queima, investigando o papel das diversas técnicas possíveis para a situação. Conclui-se, pelos correlatos levantados que as ceramistas que viveram no local do sítio praticavam uma determinada tradição técnica de queima de cerâmica que envolvia o uso de recipientes para conter atmosferas redutoras no sentido de produzir uma cerâmica extremamente reduzida de tamanho pequeno a médio e tendo como produto paralelo uma cerâmica reduzida internamente de maiores proporções que serviu de ferramenta na produção da cerâmica preta. O material arqueológico também indica a utilização de uma segunda técnica de queima que difere da primeira principalmente na forma de colocação das peças na fogueira para a queima. Outras marcas encontradas no material arqueológico sugerem que um tipo de queima seria utilizado especificamente para os vasilhames utilizados como panelas e outro para vasilhas e potes de armazenamento. A ligação encontrada entre as marcas de queima e a utilização posterior dos potes leva a proposição de uma ligação estreita entre a técnica de queima e a cosmologia destes povos. O simbolismo das cores resultantes e das superfícies coloridas remetem ao universo feminino, ao útero que gera a vida, ao pote negro e à inserção desta cultura na ordem do mundo em uma camada entre o telúrico e o celeste.